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Berlin Alexanderplatz (filme de 2020)
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Berlin Alexanderplatz (2020)

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Esta versão de Berlin Alexanderplatz adapta para a atualidade o livro escrito por Alfred Döblin e publicado em 1929. Provavelmente, o que impulsionou essa produção foi a criativa ideia de transformar o protagonista original em um refugiado africano.

Assim, o personagem principal do livro, Franz Biberkopf, vira Francis. Aqui, ele sobrevive a um naufrágio quando parte de Guiné-Bissau para a Europa. Sua intenção é aproveitar as oportunidades no continente para construir uma vida honesta. Porém, em Berlim, ele descobre que as ofertas de trabalho para refugiados beiram a escravidão. Eventualmente, após atacar seu empregador, ele se aproxima do perigoso Reinhold, que é um traficante psicótico e viciado em sexo. Além do mundo das drogas, Francis convive também com a prostituição. E vira cafetão de sua namorada Mieze. Contudo, Reinhold continua atormentando sua vida.

Atualização

Ao atualizar Berlin Alexanderplatz, o diretor Burhan Qurbani encurta o caminho para atingir a sensibilidade do espectador. Afinal, as dificuldades que Francis enfrenta fazem parte da realidade dos emigrantes que chegam à Alemanha ilegalmente. Apesar de Francis querer ser uma pessoa boa, as circunstâncias extremas insistem em empurrá-lo para o crime. Por isso, ele está sempre se julgando. Afinal, além desses obstáculos em Berlim, ele já carrega um trauma que nasce da sua luta pela sobrevivência durante o naufrágio. Então, o filme comunica essa auto-cobrança de Francis pelo recorrente uso da câmera olhando do alto para o personagem embaixo. No mesmo sentido, estão as imagens com uma cruz atrás de Francis, bem como da vaca que simboliza o seu sacrifício. Além disso, a narração em voz feminina também trabalha na sua análise moral.

E, como não poderia ser diferente, este é um filme pesado. Nele, o público transita no submundo do trabalho semiescravo, das drogas e da prostituição. E o tom é ainda agravado pela personalidade instável de Reinhold, dono de uma postura física e moral distorcida. No fundo, Reinhold é uma pessoa carente. E, por isso. Francis sucumbe aos seus pedidos de ajuda.

O pessimismo predomina em Berlin Alexanderplatz até a sua conclusão. Vemos, então, Francis com terno e gravata, sentado na praça do título. Finalmente, ele conquista a vida honesta que sempre buscou. Por isso, o último plano traz a água, que simbolicamente lava seus pecados. Apesar de esse final acompanhar o livro, ele é exposto no filme numa sequência apressada. Ou seja, sua salvação fica implícita na narração poética, mas essa virada no destino do protagonista pede uma maior contundência visual.   

Welket Bungué

Por fim, vale apontar que o ator Welket Bungué trabalhou no longa brasileiro Corpo Elétrico (2017). E, também, na coprodução Brasil/Portugal/Espanha Joaquim (2017) e em Pedro (2020), novo filme de Laís Bodanzky. Bungué nasceu na Guinéa, fez graduação em teatro em Lisboa, e estudou Pós-graduação em Atuação na UniRio.

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Ficha técnica:

Berlin Alexanderplatz (2020) Alemanha/Holanda/França/Canadá. 183 min. Direção: Burhan Qurbani. Roteiro: Martin Behnke, Burhan Qurbani. Elenco: Welket Bungué, Albrecht Schuch, Jella Haase, Annabelle Mandeng, Joachim Król, Richard Fouofié Djimeli, Mira Elisa Goeres, Ceci Chuh.

Distribuição: A2 Filmes

Trailer:

(Foto: divulgação/copyright_Stephanie Kulbach Sommerhaus Filmproduktion)

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Onde assistir:
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