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Neruda (filme)
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Neruda

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

Neruda, do diretor Pablo Larraín, mistura realidade e ficção para montar um filme policial sobre a perseguição ao célebre poeta chileno por ser comunista. Além de escritor, Pablo Neruda tinha uma ativa carreira política, tendo ocupado o cargo de senador entre 1945 e 1948, ano em que se inicia o filme.

Porém, o roteiro de Guillermo Calderón não é uma cinebiografia, e toma liberdades que surpreendem o espectador. Para começar, o narrador do filme abertamente ataca a figura de Neruda, o que, sem dúvida, causa estranheza. Só compreendemos o motivo aos 14 minutos de filme, quando finalmente conhecemos esse personagem que conta a história. É o comissário-chefe Óscar Peluchonneau (Gael García Bernal), responsável por e pessoalmente empenhado em prender Pablo Neruda. Mas, este está sempre a um passo à frente deste policial “meio bruto, meio idiota”, tal como um personagem o descreve.

Já Pablo Neruda (Luis Gnecco) resplandece no filme como um talento natural (apesar de nunca o mostrar criando seus poemas) e apaixonado pela vida. Acima de tudo, o vemos aqui como um fervoroso político de esquerda. Não satisfeito em alcançar a imortalidade por sua obra, o poeta parece desejar perecer como mártir da luta pelo comunismo.

Um policial farsesco

Neruda desaponta quem espera um filme policial daqueles repletos de ação. De fato, poucos tiros são disparados na trama, e eles não matam ninguém. Pelo contrário, assistimos a um enredo com tons farsescos, despreocupado em refletir a realidade. Alguns recursos visuais evidenciam essa abordagem. Entre eles, os diálogos que atravessam cenários diferentes com os mesmos personagens falando – uma ousadia que o diretor Pablo Larraín conseguiu concretizar com êxito. Além disso, o filme recorre ao velho back projection nas cenas com personagens dentro de carros em movimento, como se ainda estivéssemos numa produção da época dos acontecimentos retratados no filme.

Enfim, Neruda é uma obra criativa, coerente com a liberdade intrínseca à poesia do seu protagonista, e num ousado contraste com a rigidez do anticomunismo no Chile daquela época. O espectador clássico estranhará o filme, mas os leitores do poeta amarão. Entre opiniões favoráveis e desfavoráveis, o longa foi o representante do Chile para o Oscar de melhor filme em língua estrangeira em 2017.


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