Poster do filme "Better Man - A Histporia de Robbie Williams"
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Better Man

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Quem assistiu a Emilia Perez esperando ver um musical vibrante e se decepcionou pode encontrar o que queria em Better Man: A História de Robbie Williams, previsto para estrear nos cinemas em 13 de março de 2025. Michael Gracey, o mesmo diretor de O Rei do Show (The Greatest Showman, 2017), recorre aqui novamente a números musicais típicos da era de ouro de Hollywood. Portanto, repleto daquelas cenas grandiosas, com dezenas de extras e câmera que desliza pelo cenário e ainda filma de cima obtendo efeito caleidoscópico. Como exemplo, a sequência, filmada como se fosse plano contínuo, quando a boys band Take That assina seu primeiro contrato com uma gravadora. Mas, o filme também apresenta números mais intimistas, como o meet cute no iate.

Por outro lado, Better Man se afasta do clássico em suas escolhas ousadas. A maior delas, colocar um macaco para representar o protagonista – o biografado Robbie Williams justifica essa opção na narração no início do filme. Em termos de estratégia de marketing, funciona totalmente, pois desperta a curiosidade do público, atenção que se espalha rapidamente pelas redes sociais. Do ponto de vista artístico, tendo em conta que parte de uma identificação do próprio cantor, agrega valor pelo ineditismo e pelo constante estranhamento que não deixa o espectador ficar disperso durante a projeção.

Já sob o aspecto técnico, causa espanto o grau de perfeição que a computação gráfica alcança na construção do chimpanzé, que parece real, mesmo falando, cantando e com expressões humanas em seu rosto. Além disso, essa opção dribla as questões envolvendo a representação de um cantor famoso na tela. Por exemplo: quem o interpretará, se a semelhança será ou não idêntica, se o ator vai dublar ou cantar as músicas.

Narrativa musicada

O enredo segue a ordem cronológica. E isso muitas vezes resulta em passagens sem graça, quando se trata de um biografado cuja vida já é vastamente conhecida pelo público. Não é o caso do britânico Robbie Williams, o integrante da boys band Take That que foi expulso do grupo e alcançou um improvável estrelato em sua carreira solo.

Assim, o primeiro trecho musical surge quando Robbie, ainda criança, canta sua tristeza ao ver seu pai fugir de casa num ônibus para assistir à final do campeonato inglês de futebol. Na verdade, o pai iria se aventurar numa carreira de cantor de casas noturnas. Só depois dessa sequência surge o título do filme na tela. E a história de Robbie Williams recomeça a ser contada a partir de sua adolescência.

Ao longo do filme, o diretor Michael Gracey cria belos números musicais que ajudam a fazer a narrativa andar. Entre eles, destaca-se o relacionamento de Robbie com a vocalista Nicole Appleton (Raechelle Banno), da banda All Saints, marcado por um aborto forçado pelo empresário para preservar a carreira dela. Tudo isso é contado através de uma sequência musical, durante uma só canção.

O crucial evento da saída da banda Take That também ganha uma representação musical. Robbie joga o seu carro num rio, e mergulha em suas incertezas. Essa cena dramática culmina em um aglomerado de fãs e jornalistas cercando-o para exigir explicações.

Representações inteligentes

O filme se sai muito bem nessas representações das questões que perturbam o personagem principal. A maior parte dessas questões são comuns a qualquer pessoa. O relacionamento com o pai, a falta de confiança, a perda de uma pessoa amada, o dilema entre o profissional e o pessoal etc. E nem por isso deixam de ser perturbadoras (talvez sejam até mais, pela proximidade com o espectador). A tradução desses demônios internos para a tela alcança dimensões impactantes na forma de macacos que ilustram o próprio Robbie em variações correspondentes às suas inseguranças. Logo, a luta contra essas autocobranças se materializa numa batalha homérica na plateia do gigantesco show do festival de Knebworth, ponto alto da carreira do cantor.

Contudo, o filme reserva o clímax emocional para a apresentação com uma orquestra, quando Robbie definitivamente faz as pazes com seu pai. Nesse trecho, os macacos que representam seus demônios assistem quietos.

Repleto dessas inteligentes representações, Better Man recupera o musical clássico acrescentando ousadias modernas.

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Ficha técnica:

Better Man: A História de Robbie Williams | Better Man | 2024 | 135 min. | Reino Unido, EUA, China, França, Austrália | Direção: Michael Gracey | Roteiro: Simon Gleeson, Oliver Cole, Michael Gracey | Elenco: Robbie Williams, Jonno Davies, Steve Pemberton, Alison Steadman, Kate Mulvany, Frazer Hadfield, Damon Herriman, Raechelle Banno, Jake Simmance, Liam Head.

Distribuição: Diamond Films.

Trailer:

Onde assistir:
Cena do filme "Better Man - A Histporia de Robbie Williams"
Cena do filme "Better Man - A Histporia de Robbie Williams"
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