O filme Canário se passa na África do Sul, em 1985, onde um jovem gay aprende a se assumir em meio a hinos religiosos, exército, preconceito e… Boy George.
A história
No início, Johan vive em uma pequena cidade do interior, e deseja poder sair livremente pelas ruas sem esconder que é gay. Porém, a preconceituosa sociedade local, incluindo aí seus pais, torna isso complicado. Então, como válvula de escape, o rapaz mergulha na música e adota Boy George como seu ídolo. Por isso, a primeira sequência do filme mostra ele andando pela rua, vestido de noiva, como se fosse um videoclipe.
Então, quando ele é convocado para o exército, Johan encontra uma solução para sobreviver nesse meio predominantemente másculo: entrar para o coral militar, chamado de Canários. Nesse grupo, ele encontra a amizade dos membros heteros e gays, e até sua primeira paixão.
Impressões
Canários entretém relatando as variadas situações vividas por Johan, que conhece experiências novas, inexistentes na pequena cidade onde mora. Há muitas incursões musicais, tornando o filme ainda mais agradável. Para mesclar essa música na narrativa, o diretor Christiaan Olwagen emprega o recurso de começar uma sequência com uma música sendo tocada pelos personagens e, então, faz a transição para uma montagem de pequenas cenas que contam o que acontece, mantendo a continuidade da canção.
Paralelamente a essas abordagens mais alegres, o longa apresenta também dramas oriundos de dois questionamentos. No aspecto político, Johan e seus amigos dos Canários são questionados quanto à incompatibilidade do coral religioso dentro de um exército que luta a favor do apartheid. E, pessoalmente, Johan questiona a viabilidade de se assumir gay, nesse processo de amadurecimento.
O ator Schalk Bezuidenhout é uma escolha acertada para interpretar esse personagem cativante. Johan encanta enquanto perde aos poucos sua ingenuidade ao descobrir o mundo fora de sua pequena cidade interiorana preconceituosa.
Dessa forma, Canário diverte ao mesmo tempo que levanta a bandeira LGBTQ, como um Priscila, a Rainha do Deserto (1994) sul-africano.
Estreia e prêmios
Por fim, o filme, que estreia dia 17 de dezembro de 2020, nas plataformas digitais brasileiras, foi premiado em diversos festivais. Entre eles, Silver Screen Festival na Cidade do Cabo, Out on Film em Atlanta, OUTshine Film Festival emFort Lauderdale, bem como o NEWfest, do NYC LGBT Film Festival.
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Ficha técnica:
Canário | Canary | 2018 | África do Sul | 123 min | Direção: Christiaan Olwagen | Roteiro: Charl-Johan Lingenfelder, Christiaan Olwagen | Elenco: Schalk Bezuidenhout, Hannes Otto, Germandt Geldenhuys, Gérard Rudolf, Jacques Bessenger, Francois Jacob, De Klerk Oelofse.
Distribuição: O2 Filmes.