A Marvel precisava de um filme sobre uma super-heroína, para fazer frente, ou aproveitar o caminho aberto por Mulher Maravilha (2017), da rival DC Comics. Então, surge o filme Capitã Marvel, um arriscado investimento em um personagem pouco conhecido.
A estória está bem amarrada com o Universo Marvel que gira em torno do grupo de super-heróis chamado de Vingadores. É neste filme que Nick Fury decide criar o grupo com esse nome. A trama principal se passa em 1990, quando Fury conhece Carol Denvers, a Capitã Marvel. Ela acaba de retornar à Terra para combater a raça alienígena Skrull, lutando ao lado dos Krees. Pelo menos, a princípio, pois ela descobrirá a verdade a respeito das intenções desses seres de outros planetas.
O tom de Capitã Marvel é totalmente leve, como já antecipa o uniforme bem colorido da heroína. Assim, ela e Nick Fury trocam piadinhas entre si o filme inteiro, inserindo essa aventura, sem dúvida, no gênero comédia. Porém, como filme de ação, o roteiro desaponta. A trama é simplória, sobre lutas raciais interplanetárias, uma delas beligerante, a outra pacífica. Enfim, algo que qualquer episódio de Jornada nas Estrelas (Star Trek), a série dos anos 1960, desenvolvia com maior profundidade. E com muito mais emoção.
Universo Marvel
Para o chamado Universo Marvel, no entanto, Capitã Marvel é essencial. E os geeks vão delirar com as amarrações com outros filmes dessa vasta saga. Há, inclusive, uma cena pós-créditos que conecta a nova personagem ao derradeiro Vingadores: Ultimato. Além disso, Nick Fury ganha a rara oportunidade de dividir o protagonismo com a personagem título. Aqui, e a estória revela como ele perdeu o olho esquerdo e depois passou a usar um marcante tapa-olho.
Na verdade, Fury acaba sendo a principal atração do filme Capitã Marvel. Samuel L. Jackson o interpreta com maestria, e até esquecemos que ele é bem mais velho que o personagem na época em que a estória acontece. As melhores piadas saem da sua boca, deixando Brie Larson, a Capitã Marvel, como apoio para suas tiradas mais engraçadas.
Aliás, Larson até que funciona nessas partes cômicas, mas não convence como a poderosa super-heroína. Falta-lhe o porte e a presença para incorporar essa personagem. Por outro lado, a Mulher-Maravilha de Gal Gadot transmitia essa imagem que a super-heroína Marvel precisava ter. Aliás, essa é uma das razões pelo filme da DC Comics ser muito superior que este.
Por fim, Capitã Marvel fracassa como veículo de empoderamento feminino da Marvel. É provável que fãs desse universo apreciarão as conexões com as outras estórias. Contudo, isoladamente, o filme é muito fraco.
Ficha técnica:
Capitã Marvel (Captain Marvel, 2019) EUA. 124 min. Dir: Anna Boden, Ryan Fleck. Rot: Anna Boden, Ryan Fleck, Geneva Robertson-Dworet. Elenco: Brie Larson, Gemma Chan, Mckenna Grace, Lee Pace, Ben Mendelsohn, Samuel L. Jackson, Jude Law, Djimon Hounsou.
Walt Disney Studios