Oscilando entre o drama e a ação, Carta Selvagem (Wild Card) retrata o vício no jogo.
A maior parte das pessoas que escolhem esse filme para ver espera encontrar muita pancadaria. Afinal, a sua estrela é Jason Statham. E o longa não frustra essa expectativa, pois traz suficientes cenas de brigas, quase todas usando o recurso da velocidade acelerada e dos planos curtíssimos, como é de praxe nas produções protagonizadas por esse ator.
No entanto, Cartada Selvagem tem mais que brigas, e mergulha fundo no vício da jogatina.
Statham vive Nick Wild, um guarda-costas que trabalha em Las Vegas. Mas ele sonha em juntar dinheiro suficiente (meio milhão de dólares, ele calcula) para passar cinco anos descansando longe dessa vida ingrata.
A desculpa para Nick entrar em ação surge com o estupro violento de uma de suas amigas que é garota de programa. Embora relutante, ele aceita ir atrás do algoz para a vingança. Assim, surge o confronto físico nesse encontro e, depois, em duas retaliações na parte final. Isso serve, também, para ele ganhar 25 mil dólares, que ele usa para apostar num cassino.
A angústia de não desperdiçar a sorte
Tem início, então, a melhor sequência do filme. Nick começa jogando baixo, até que a sorte começa a soprar a seu favor, e ele aumenta as apostas. A montagem ágil ajuda o espectador que não conhece o jogo de 21 a acompanhar o que acontece. Mais importante que isso, o filme mostra como funciona a mente do jogador compulsivo. Ou seja, quando ele acha que vai ganhar ou perder, decidindo no impulso se continua ou para. Até o momento crucial em que o vício fala mais alto e ele resolve apostar tudo o que ganhou e que já era suficiente para ele realizar o sonho de ficar longe de Las Vegas. É impactante como o filme mostra como incomoda o jogador pensar que está desperdiçando a boa sorte.
E tem ainda um outro personagem, o nerd Cyrus Kinnick (Michael Angarano), que contrata os serviços de proteção de Nick. Mas ele acaba se tornando o ponto fraco do filme, pois parece desnecessário. Por um lado, serve para aliviar a tensão da trama por ser um peixe fora da água nesse cenário de jogatina, prostituição e violência. Mas sua função principal talvez seja de trazer a mensagem de que não é através das apostas que dias melhores verão.
Ainda que não seja uma maravilha, Carta Selvagem se destaca como um dos melhores filmes do diretor Simon West. Pau a pau com outros que ele dirigiu – como Con Air (1997) e A Filha do General (The General’s Daughter, 1999). E, inclusive, com aqueles nos quais também contou com Jason Statham: Assassino a Preço Fixo (The Mechanic, 2011) e Os Mercenários 2 (The Expendables 2, 2012). Vale a aposta!
___________________________________________
Ficha técnica:
Carta Selvagem | Wild Card | 2015 | 92 min | EUA | Direção: Simon West | Roteiro: William Goldman | Elenco: Jason Statham, Dominik Garcia, Hope Davis, Milo Ventimiglia, Max Casella, Stanley Tucci, Sofia Vergara, Jason Alexander, Anne Heche, Chris Browning.