Pesquisar
Close this search box.
Grandes Olhos (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Grandes Olhos

Avaliação:
7/10

7/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

Antes de tudo, “Grandes Olhos” foi dirigido por Tim Burton. É necessário frisar isso porque senão você nem desconfiará, já que o filme não ostenta as suas características típicas, como o visual gótico e os temas fantasiosos. Afinal, a história se baseia em fatos reais, por mais incrível que seja.

Margaret (Amy Adams) foge de sua vida suburbana em uma cidadezinha no Norte da Califórnia. Para isso, pega sua filha e os quadros de crianças com grandes olhos que pinta como hobby e se muda para São Francisco. A cidade fervia artisticamente na época, os anos 1950. Lá, conhece Walter Keane (Christoph Waltz), um corretor imobiliário bem-sucedido que se diz ser um pintor amador. Mas, na verdade, ele não passa de um mentiroso compulsivo. O que é inegável é seu talento para vendas e marketing.

Margaret e Walter se casam, e os quadros de Margaret começam a vender muito, graças ao trabalho de promoção de Walter. O problema é que ele finge ser o autor dos quadros. Keane inaugura o filão de mercado da pop art, antes mesmo de Andy Warhol. Logo, fica milionário vendendo até pôsteres de reproduções de seus quadros. Contudo, a necessidade de Margaret pelo reconhecimento por sua arte cresce gradativamente. Além disso, as mentiras que precisa contar para sua filha a incomodam demais.

Tim Burton na direção

Tim Burton segue um estilo mais convencional de direção cinematográfica em “Grandes Olhos”, comparado a seus outros filmes, e isso contribui para a manutenção da credibilidade da história. A conexão com seus outros trabalhos repousa mais na arte de Margaret, nos quadros expressionistas de crianças tristes com grandes olhos, do que nas características do filme. Sem dúvida, a direção é talentosa, mas próxima do cinema clássico, por isso encontramos até clichês como as cenas do tribunal com o relógio na parede marcando o passar do tempo enquanto Walter se prolonga em suas lorotas.

Pelo menos, a marca de Burton aparece nas alucinações de Margaret quando vê pessoas no supermercado, ou ela mesmo no espelho, com grandes olhos, como os de seus quadros. Ademais, há uma citação de “O Iluminado” quando Walter espia pelo buraco da fechadura e diz “Eu posso ver vocês!”.

Na verdade, a sequência inicial indica um outro caminho da direção que não se concretiza. Quando Margaret está recolhendo suas coisas para fugir de casa, a câmera na mão e os jump cuts revelam uma proximidade com a nouvelle vague, com um cinema independente oposto ao clássico. Aliás, se Tim Burton tivesse insistido nesse estilo, o resultado seria um filme totalmente diferente, que talvez não comportasse os nomes famosos presentes no elenco.

Elenco

Amy Adams se transforma fisicamente para o filme, com cabelos loiros prateados, que permitem que a confundamos com Scarlett Johansson, à primeira vista. Seu penteado é típico dos anos 1950, até para a vermos como uma mulher que se sente sufocada pela sociedade machista da época. De fato, isso fica mais compreensível com a intensidade de atuação de Christoph Waltz, que soa tão aterrorizante quanto seu personagem em “Bastardos Inglórios”. Por outro lado, ainda mais charmoso.

De quebra, o filme ainda conta com Krysten Ritter (“Jessica Jones”) e Jason Schwartzman (“Viagem a Darjeeling”) em papéis coadjuvantes.

Tim Burton não é apenas um cineasta, é um ilustrador. Portanto, é compreensível sua atração pelo tema da história de “Grandes Olhos”. Talvez a vontade de contá-la no cinema o tenha resignado a filmá-la de maneira clássica. Enfim, o resultado é um bom filme sobre uma incrível história, mas não um Tim Burton legítimo.


Grandes Olhos (filme)
Grandes Olhos (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo