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Casa de Antiguidades (filme)
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Casa de Antiguidades

Avaliação:
6.5/10

6.5/10

Crítica | Ficha técnica

Incluído na seleção oficial do Festival de Cannes de 2020, Casa de Antiguidades é o longa de estreia do diretor João Paulo Miranda Maria. Nele, o veterano ator Antonio Pitanga vive Cristovam, um idoso negro que vai para o Sul do país trabalhar na sede da empresa austríaca que adquiriu e fechou a fábrica em Goiás onde ele estava. Mas, ele sofre o preconceito do povo local, principalmente quando se instala em uma casa abandonada com objetos antigos.

O filme não segue uma narrativa clássica. Os acontecimentos nem sempre são claros, e pedem a interpretação do espectador e o ritmo desacelera para que esse processo aconteça. Como próprio João Paulo Miranda Maria explica: “Quero que o público sinta o filme, e sinta o que o que Cristovam vive durante o filme. Quero mostrar o que eles não estão vendo. O que teoricamente é invisível, pode ser sentido. ”. Assim, a experiência de assistir a Casa de Antiguidades traz momentos sensoriais, em especial, aqueles em que o personagem Cristovam está parado em cena, refletindo sobre os injustos tratamentos que ele enfrenta nesse local nada receptivo.

A sci-fi e o fantástico

Além disso, o longa flerta com a ficção-científica, no subgênero do futuro distópico, no qual os estados da região Sul e São Paulo pedem a separação do restante do Brasil. Os discursos, aliás, acontecem no idioma alemão, ignorando totalmente a cultura brasileira. Ares de neonazismo parecem implícitos, pois os arianos exprimem preconceito contra Cristovam e demais brasileiros, até mesmo as crianças brancas revelam crueldade, maltratando o cachorro de três pernas que estava na casa abandonada. Esse comportamento remete a A Fita Branca (Das weiße Band – Eine deutsche Kindergeschichte, 2009), filme de Michael Haneke que é uma alegoria para o nazismo que nasceria na Alemanha.

Alegoria também é o tom predominante em Casa de Antiguidades, mas numa abordagem diferente de Haneke, que foi mais contundente. João Paulo Miranda Maria opta por se aproximar do fantástico, o que gera frutíferas aberturas para interpretações. A música de candomblé, por exemplo, exprime a resistência brasileira. Por outro lado, essa abordagem deixa algumas situações menos impactantes. E, com isso, a conclusão resulta tímida demais – ao evitar a violência, o final fica aberto. De qualquer forma, é um filme diferenciado, que não se rende às soluções simples e corriqueiras.

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Ficha técnica:

Casa de Antiguidades (2020) Brasil/França, 87 min. Dir/Rot: João Paulo Miranda Maria. Elenco: Antônio Pitanga, Sam Louwyck, Ana Flávia Cavalcanti, Aline Marta Maia, Gilda Nomacce.

Distribuição: Pandora Filmes.

Trailer:

Onde assistir:
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