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Cidade Baixa (filme)
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Cidade Baixa

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O diretor Sergio Machado estreia em longa narrativo com Cidade Baixa, um triângulo amoroso sem glamour rodado em Salvador, sua cidade de origem. Se é triângulo amoroso, então, deve ser um romance, pensa quem lê a sinopse. Até certo ponto é verdade, pois dois homens amam a mesma mulher. No entanto, aqui o ambiente determina que a história terá um desfecho trágico.

O motor principal da trama é mesmo o romance. Karinna (Alice Braga) é desejada por dois homens que são amigos desde a infância: Naldinho (Wagner Moura) e Deco (Lázaro Ramos). Com qual dos dois ela decidirá ficar no final? No entorno dessa premissa, as perigosas condições em que vivem parecem ditar as regras. Karinna é uma jovem prostituta. Os dois rapazes são barqueiros, mas quando os serviços não aparecem, Naldinho se arrisca em um assalto, e Deco em uma luta de boxe clandestina. Ao contrário das belas estorinhas românticas, o relacionamento começa pelo sexo comprado, com preço barganhado em troca de uma carona. O primeiro parceiro é decidido no palitinho. Durante o filme, as cenas de sexo são ousadas, algumas com toques brutais. Ou seja, bem longe do padrão do cinema mais comercial.

Apesar disso, o amor acontece, embora eclipsado pelo ciúme, que toma conta dos sentimentos dos dois amigos. Daí predomina a sensação de que tudo vai acabar mal.

Um retrato autêntico

Sergio Machado parece buscar a autenticidade nesse retrato do submundo da sua terra natal. Filma em locações, nos inferninhos que seus personagens costumam transitar.

Nesse sentido, a caracterização de Alice Braga surpreende. A atriz explora seu talento camaleônico – está loira, e suas falas confirmam a persona da menina que já é rodada no sexo, mas se mantém dura até o último momento em relação ao amor. Por isso, cogita até fugir dos dois pretendentes e continuar a trabalhar em outro local.

Numa luta corporal entre Naldinho e Deco, os dois se agarram e saem rolando em meio a troca de socos, bem diferente dos embates com golpes distantes e precisos, coreografados, de Hollywood.

Um retrato estilizado

Mas a direção insere elementos que vão contra esse retrato autêntico. Assim, abusa das cores fortes, com predominância do vermelho, que dá o toque impressionista que combina com o enredo. Filma em grande parte durante a noite, que é quando esses protagonistas, principalmente Karinna, estão ativos.

A câmera se movimenta bastante, mas sem exagero. Há espaço sim para o tripé, o que é um alívio. A imagem fica trêmula só quando a cena pede, como tem que ser. A distância da câmera em relação ao ator é que chama a atenção. No início, predominam os planos americanos, mas conforme o filme avança, a câmera se aproxima cada vez mais. Até que na última cena, o que já era um close-up extremo vira plano detalhe de partes dos rostos dos personagens. Em parte, porque eles estão despedaçados, divididos entre amor e amizade, entre decisões excludentes de quem amar. Mas, acima de tudo, porque o filme espera que o espectador já esteja sufocantemente próximo de Karinna, Deco e Naldinho.

E, de fato, o filme provoca esse sufocamento. Durante todo o longa, pelo menos, um dos protagonistas está na tela. Pode ser uma sensação desagradável, mas se alinha com a falta de alternativas que os personagens enfrentam, como se estivessem para sempre presos à Cidade Baixa.

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Ficha técnica:

Cidade Baixa | 2005 | 110 min | Brasil, Reino Unido | Direção: Sergio Machado | Roteiro: Sergio Machado, Karim Aïnouz | Elenco: Alice Braga, Wagner Moura, Lázaro Ramos, Maria Menezes, João Miguel Leonelli, Débora Santiago, Hugo Rodas, Divina Valéria, Dois Mundos, Gerónimo, Fernanda de Freitas, Caroline Ribeiro.

Onde assistir:
Cidade Baixa (filme)
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