O filme sul-africano Colisão (Collision) é no máximo um drama criminal básico. A estreia do diretor Fabien Martorell coloca seus personagens (e as pessoas mais próximas deles) envolvidos em práticas ilegais.
O executivo de uma empresa de tecnologia eletrônica faz falcatruas com as verbas corporativas em parceria com um gangster. Mas, mesmo assim, tem certeza de que será escolhido para ser o novo CFO. Porém, acaba preterido por uma candidata negra mais experiente. E isso torna a derrota ainda mais dolorida para ele, pois ele é um racista da época do apartheid.
Então, incapaz de seguir com os planos de expansão junto ao gangster, este se vinga sequestrando a sua filha. Para isso, conta com a ajuda do amigo do namorado dela, que costuma fazer trabalhos para esse criminoso.
Em paralelo, acompanhamos um romance a la “Romeu e Julieta”. É o amor proibido entre a filha de um comerciante local e um jovem imigrante nigeriano que abre uma loja próxima concorrente. Essa subtrama não tem relação com a trama principal.
Contudo, todos os destinos se cruzam no final, num acidente com três carros; o que deixa evidente uma influência de Crash: No Limite (2004), de Paul Haggis; até nos títulos dos dois filmes. Mas esse desfecho é insatisfatório (além de improvável). Afinal, resolve todos os conflitos com uma solução preguiçosa: os envolvidos morrem.
Talvez a intenção dos realizadores de Colisão seja de indicar que os problemas sociais (violência, crime, racismo, xenofobismo) só levam à ruína. Mas esse conteúdo importante poderia estar numa embalagem bem mais criativa.
Direção protocolar
Aliás, nesse quesito, o da criatividade, a direção de Fabien Martorell não ajuda em nada. Seu trabalho aqui é protocolar, muito próximo da linguagem televisiva; ou seja, ausência de profundidade de campo, uso de planos fechados, diálogos em excesso, alternância de cenas com diferentes personagens, cenários artificiais com poucos figurantes.
Além disso, segue a moda de começar o filme com um flash forward, um recurso já desgastado pelo emprego indiscriminado no cinema contemporâneo. E que tem suas origens nos cliffhangers dos filmes seriados das matinês da primeira metade do século passado, depois incorporados na primeira parte, antes dos comerciais, dos seriados de TV dos anos 1960 a 1980.
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Ficha técnica:
Colisão | Collision | 2022 | 1h39 | África do Sul | Direção: Fabien Martorell | Roteiro: Fabien Martorell, Sean Cameron Michael, Siphosethu Tshapu | Elenco: Tessa Jubber, Langley Kirkwood, Bonko Khoza, Zoey Sneedon, Mpho Sebeng, Vuyo Dabula, Siphesihle Vazi, Samke Makhoba.
Distribuição: Netflix.
