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Kurt Vonnegut: Desprendido no Tempo (filme)
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Kurt Vonnegut: Desprendido no Tempo

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Circunstâncias especiais tornam o documentário Kurt Vonnegut: Desprendido no Tempo um filme extraordinário. Tal como o processo de realização de Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho, o codiretor Robert B. Weide trabalhou muitos anos até finalizar este longa seu. Mais até do que Coutinho, pois Weide demorou 40 anos desde que iniciou esse projeto. E, durante esse longo período, uma forte amizade se desenvolveu entre o cineasta e a pessoa que ele retrata no filme, Kurt Vonnegut.

O escritor Vonnegut se tornou um dos mais influentes ícones da cultura popular da segunda metade do século 20. Os jovens, em particular, abraçaram com força suas imaginativas obras, que muitas vezes rompem a noção do tempo. Algo que, até, se relaciona com a longa gestação deste documentário, lançado bem depois da morte do romancista em 2007. Enquanto isso, o próprio Robert B. Weide se transformou, do inexperiente jovem de 23 anos que teve seu primeiro encontro com Vonnegut, até o respeitado diretor e produtor responsável por sucessos como Lenny Bruce: Swear to Tell the Truth (1998), documentário indicado ao Oscar, The Marx Brothers in a Nutshell (1982) e o mockumentary (falso documentário) Larry David: Curb Your Enthusiasm (1999), sobre o co-criador de Seinfeld, que depois virou série.

God bless you, Robert B. Weide

A proximidade entre o realizador e seu biografado revela um sentimentalismo nunca disfarçado no filme. Mas, ao invés de isso representar um defeito, aqui se transforma numa de suas qualidades, pois permite que o documentário ultrapasse a linha da objetividade jornalística. Como resultado, conhecemos aqui não apenas a figura pública de Kurt Vonnegut, mas a sua personalidade íntima. Para isso, a amizade abriu oportunidades exclusivas, como o acesso a filmes caseiros da infância do escritor, presenteadas pelo irmão mais velho dele. Adicionalmente, as filhas de Kurt abrem as portas a Weide da antiga casa em que moraram, além de prestarem seus depoimentos emocionados sobre o pai. O documentário, ainda, reúne os sobrinhos que Kurt adotou após a morte da irmã.

Assim, conhecemos a vida de Kurt Vonnegut. O filme mostra como ele não se adaptava a nenhuma profissão, pois nascera para ser escritor. Apesar disso, sofreu porque demorou muito para que conquistasse seu primeiro sucesso, que veio com “Matadouro-Cinco” (Slaughterhouse-Five), publicado em 1969, quando ele já tinha 47 anos. O livro capturou o zeitgeist da geração daqueles efervescentes anos de protestos e catapultou a fama de Vonnegut, que se tornou ícone cultural. Aliás, os cinéfilos conhecem esse livro, pois o diretor George Roy Hill o adaptou para o cinema, em 1972. Logo, as reedições dos seus livros anteriores também venderam muito, assim como seu seguinte livro, “Café-da-manhã dos Campeões” (Breakfast of Champions, 1973). Porém, isso significou uma ruptura em sua vida pessoal, inclusive marcando o fim de seu casamento com Jane Marie Cox.

Enfim, ninguém mais poderia realizar esse documentário. Em Kurt Vonnegut: Desprendido no Tempo, Robert B. Weide leva para as telas toda a afetividade desenvolvida durante 25 anos de amizade, num retrato único do escritor e da pessoa.  


Kurt Vonnegut: Desprendido no Tempo (filme)
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