Confinado

Título original: Locked

Ano de lançamento: 2025

Data de estreia no Brasil: 29/05/2025

Direção: David Yarovesky

Gênero:

Mais informações na ficha técnica abaixo do texto

Avaliação: 5,5/10

Confinado (Locked) já é a segunda refilmagem do longa argentino 4×4 (2019), do diretor argentino Mariano Cohn, que também originou o filme brasileiro A Jaula (2022), de João Wainer. Tanta atenção em tão pouco tempo gera a impressão de que se trata de um material incrível, um primor de originalidade. Não é para tanto, pois no fundo parece uma variação de Jogos Mortais (Saw, 2004). Mas, ganha supervalorização porque estamos nessa era onde o conteúdo é tudo (“content is king”).

Na trama, um ladrão fica preso em um carro que pretendia roubar. Sem saber, ele caiu na armadilha preparada pelo proprietário do veículo, um médico que está morrendo de câncer. Cansado dos furtos e roubos que terminam sem punição aos criminosos, ele quer fazer a justiça com as próprias mãos, através de um jogo com requintes de sadismo.

No filme Confinado, o ladrão é apresentado como uma pessoa detestável. Um perdedor por causa de sua própria má conduta, precisa pagar o conserto de sua van para tentar uma vida honesta, mas o mecânico só libera o veículo após ele pagar a conta do conserto. O mecânico fala com ele de maneira ríspida, o que dá a entender que ele já deu calote nele. Ou que sua fama é ruim, característica reforçada quando ele tenta pedir empréstimo por telefone e muitas pessoas nem o atendem.

Arcos inversos

Bill Skarsgård interpreta o ladrão Eddie. Desta vez, o ator que fez o palhaço de It: A Coisa (It, 2017) e o vampiro em Nosferatu (2024), aparece de cara limpa, mas ainda deixando uma impressão de pessoa não confiável, portanto, ideal para esse papel.

Anthony Hopkins dá vida ao proprietário do carro, o médico William. No início, apenas a sua voz aparece, falando com Eddie através do aparelho de som do veículo. O filme puxa a simpatia do público para William, já que ele parece preocupado em ensinar uma lição ao ladrão, pregando valores morais e até exigindo educação no linguajar.

Mas, conforme a história avança, a empatia muda de lado. William se torna cada vez mais abusivo, infringindo um sofrimento desumano à sua presa. Além de choques elétricos, alterna entre temperaturas geladas e quentes através do ar-condicionado, e coloca Eddie em situação de extrema fome e sede. Diante dessa punição incompatível com o delito, o espectador passa a torcer pelo ladrão, que suplica pela sua libertação.

Direção nervosa

O diretor David Yarovesky, que fez o bom Brightburn (2019), realiza uma versão mais grandiosa do filme original – como era de se esperar, em se tratando de uma produção norte-americana. O carro fictício Dolus sai pelas ruas em piloto automático, e o confronto cara-a-cara vira uma movimentada cena de ação.

A direção de David Yarovesky incomoda. Nem tanto pelo maneirismo, que se encaixa neste tipo de filme rodado dentro de um espaço restrito. Funcionam bem, por isso, os vários giros em 360º ao redor de Eddie quando ele percebe que está preso dentro do carro, bem como o uso de múltiplos planos curtos, e os ângulos tortuosos da câmera. Porém, incomodam os trechos curtos entre as cenas narrativas, mostrando flagrantes do cotidiano de uma Nova York feia, talvez desumana. Esses registros, próximos de documentais, destoam do enredo fantasioso.

Tudo isso somado, da trama à direção, deixa a impressão de que Confinado é um filme desagradável. Salvo pelas primeiras intervenções de William, que Anthony Hopkins transforma em um delicioso humor ácido, o restante mistura o nervosismo que causa tensão com aquele que irrita.  

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Ficha técnica:

Confinado | Locked | 2025 | 95 min. | EUA, Canadá | Direção: David Yarovesky | Roteiro: Michael Arlen Ross | Elenco: Bill Skarsgård, Anthony Hopkins, Gabrielle Walsh, Michael Eklund, Dan Payne.

Distribuição: Diamond Films.

Trailer:

Onde assistir:
Bill Skarsgård em "Confinado" (divulgação)

Outras críticas:

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