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Contato Visceral (filme)
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Contato Visceral

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

O diretor iraniano Babak Anvari chamou a atenção em sua estreia com o terror À Sombra do Medo (Under the Shadow, 2016), rodado na Jordânia. O filme chegou a ser indicado ao Oscar pelo Reino Unido na categoria de melhor filme em língua estrangeira, pois é inteiramente falado em persa. Essa repercussão positiva permitiu que ele realizasse esse novo longa de terror, Contato Visceral (Wounds), já com atores famosos no elenco.

Baseado no livro “The Visible Filth”, de Nathan Ballingrud, o filme aposta no terror atmosférico. Seu tom sinistro, e até o tema do homem que começa a enlouquecer por conta de uma ameaça sobrenatural, lembra o longa Ecos do Além (Stir of Echoes, 1999), de David Koepp. Mas nem tudo funciona no filme de Anvari.

Trama com pontas soltas

A trama não está bem amarrada. Will (Armie Hammer) trabalha em um bar. Numa noite, após uma briga brutal, um cliente costumeiro sofre um corte enorme no rosto provocado por uma garrafa quebrada. Durante a confusão, um grupo de jovens sai apressado do bar e esquece um celular. Will leva o telefone para casa e consegue desbloqueá-lo, mas ao enviar uma mensagem, ele e sua namorada Carrie (Dakota Johnson), que mora com ele acessam fotos e um vídeo aterrorizantes no aparelho. O filme não explica por que, mas Will se torna uma espécie de receptor de uma entidade do mal e Carrie fica de alguma forma possuída. Logo, conforme Will estreita o contato com um dos mortos do grupo que perdeu o celular, ele se vai enlouquecendo.

O roteiro indica algumas conexões que poderiam ser interessantes, se melhor desenvolvidas. Por exemplo, uma frase (de “O Coração das Trevas”, de Joseph Conrad) no prólogo aponta que um segredo ecoou forte num homem porque ele era superficial. E, durante o filme, Carrie acusa Will de ser uma pessoa oca, sem nada por dentro. Isso poderia explicar o motivo de ele ser o receptor da entidade, o que seria bem instigante. Mas o filme não explora isso, mostrando que aconteceu porque ele mexeu no celular, um gatilho bem menos inspirado. Além disso, a superficialidade de Will não fica evidente. De um lado, ele lança uma fútil tentativa de seduzir sua amiga Alicia (Zazie Beetz), apesar de ambos estarem comprometidos. No entanto, por outro lado, Will se preocupa com o amigo que foi ferido no bar, prestando-lhe uma visita solidária.

Baratas, moscas e feridas

A ferida que o cliente do bar sofre, supostamente, também deveria ter relevância na trama. Afinal, o título original é “Wounds”. O fechamento da história evoca uma relação, mas o enredo não confirma se o início da presença do mal partiu disso ou não. Talvez tenha uma conexão também com as feridas morais do protagonista, mas isso, então, está ainda mais longe do que o filme apresenta de fato.

Contato Visceral consegue trabalhar com eficiência o uso de baratas e moscas para indicar a intensificação da presença do mal na vida de Will. Começa com uma só barata no bar, e na cena final elas invadem um quarto e ainda andam na lente da câmera, num efeito interessante que conduz a visão do espectador para o momento mais horripilante do filme, de forma inteligente. A conclusão é abrupta, o que desagrada muitos espectadores, mas que funciona aqui, pois afirma que Will está condenado, porém, a o quê fica aberto para cada um definir.

Essa opção por não entregar respostas fáceis marca presença em todo o filme. É um dos seus pontos fortes, pois acentua o mistério da trama. Se amarrasse melhor a questão de Will ser o receptor do mal, Contato Visceral chegaria perto de ser bom.

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Ficha técnica:

Contato Visceral | Wounds | 2019 | 95 min | EUA, Reino Unido | Direção: Babak Anvari | Roteiro: Babak Anvari | Elenco: Armie Hammer, Zazie Beetz, Dakota Johnson, Karl Glusman, Chistin Rankins, Brad William Henke, Benjamin Daniels, Alexander Biglane.

Onde assistir:
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