Pesquisar
Close this search box.
Delicioso: Da Cozinha para o Mundo (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Delicioso: Da Cozinha para o Mundo

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

A concepção sagaz de Delicioso: Da Cozinha para o Mundo (Délicieux, 2019) garante a sua vivacidade, apesar de alguns percalços.

O enredo, que se passa no efervescente ano de 1789 na França, costura os fios que levaram à revolução pelo inusitado tecido da culinária. Com inteligência, os roteiristas Éric Besnard (também diretor do filme) e Nicolas Boukhrief desenrolam a trama que revela as relações sociais da época e a evolução da profissão de chef de cozinha. O personagem central é Pierre Manceron (Grégory Gadebois), um talentoso e experiente chef que trabalha para o Duque de Chamfort (Benjamin Lavernhe).

A cartela que abre o filme explica que, naqueles tempos, os restaurantes como conhecemos hoje, não existiam. O estabelecimento que servia refeições era a taverna, destinada a alimentar viajantes e pessoas comuns com comidas baratas e ordinárias. Então, o posto maior que um chef poderia alcançar era como responsável pelas refeições dos nobres. Estes serviam banquetes aos seus convidados, numa informal competição de quem oferecia os melhores pratos. Enfim, uma ótima sacada para alimentar uma boa história.

O viés social entra no filme através de outros dois protagonistas. Primeiro, o jovem Benjamin (Lorenzo Lefèbvre), que adora ler livros e está antenado com os ares revolucionários. Ele contrapõe o pai, e entende que o chef nada mais representa do que outro serviçal à disposição da nobreza. Por isso, enxerga oportunidade de liberdade quando o pai é despedido e eles precisam ganhar a vida abrindo uma estalagem. Benjamin, assim, é a voz do povo que luta por melhores condições. Além dele, a outra personagem que contesta o status quo é Louise (Isabelle Carré). Com o desenvolvimento da trama, descobrimos que ela deseja se vingar do Duque, simbolizando a violência que marcou os atos revolucionários.

Produção, direção e elenco

Delicioso: Da Cozinha para o Mundo conta com uma produção grandiosa. As locações no castelo e na taverna, a decoração, o figurino, tudo representa o século 18 como se espera. Mas, de acordo com o tom que o diretor Éric Besnard deseja para o filme. Como em seu último trabalho na direção, Espírito de Família (L’esprit de famille, 2019), a leveza impera, e o resultado aqui é um filme indicado para todas as idades.

Porém, nem tudo funciona perfeitamente. Principalmente, os personagens. Pierre Manceron passa por uma adequada transformação, e passa a compreender que não precisa mais ser um servo da nobreza. Mas, é difícil simpatizarmos com ele. O ator Grégory Gadebois, ao interpretá-lo, insiste em usar uma careta com os olhos revirados que soam agressivos, algo que não combina com o personagem. Já a atriz Isabelle Carré demonstra pouca intensidade no papel de Louise. Assim, fica complicado entender sua repentina paixão pela culinária, já que estava apenas fingindo ser uma aprendiz. Por fim, simplificaram demais o personagem Benjamin, mostrando apenas uma faceta dele, a do apoiador da revolução.

Apesar dessa fragilidade, se sobressai em Delicioso: Da Cozinha para o Mundo a sua inspirada ideia original, que é suficiente para carregar a trama.

___________________________________________

Ficha técnica:

Delicioso: Da Cozinha para o Mundo | Délicieux | 2019 | França, Bélgica | 112 min | Direção: Éric Besnard | Roteiro: Éric Besnard, Nicolas Boukhrief | Elenco: Grégory Gadebois, Isabelle Carré, Benjamin Lavernhe, Guillaume de Tonquédec, Christian Bouillette, Lorenzo Lefèbvre, Marie-Julie Baup, Laurent Bateau.

Distribuição: PlayArte.

O filme está no Festival Varilux de Cinema Francês, que acontece entre 25 de novembro e 8 de dezembro de 2021.

Onde assistir:
Delicioso: Da Cozinha para o Mundo (filme)
Delicioso: Da Cozinha para o Mundo (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo