Filme-catástrofe B que tenta inovar com um perigo adicional (tubarões), Desespero Profundo (No Way Up) tem uma produção que dá conta do recado. Mas, afunda na direção, no elenco e nos diálogos.
Na trama, um avião em rota nacional com poucos passageiros cai no mar. Somente seis pessoas sobrevivem (o roteiro acerta em manter essa quantidade pequena, o que se encaixa no orçamento apertado e não deixa a atenção se diluir entre muitos personagens). Mas a aeronave está submersa à beira de um barranco e eles precisam pensar numa forma de sair dali antes que o avião deslize ainda mais para o fundo. Para piorar, tubarões rondam o local.
Os créditos iniciais de Desespero Profundo são um belo envelopamento que sugere um filme melhor do que veremos. Eles retomam a tradição de apresentar todos os principais nomes do elenco e da equipe, que surgem sobre imagens estilizadas do fundo do mar. Prova que, pelo menos, a produção estava atenta, mesma impressão que temos nas cenas que envolvem efeitos especiais e visuais. O acidente aéreo, por exemplo, é bem convincente, inclusive quando afunda no mar. Os tubarões, da mesma forma, não comprometem, pois aparecem rapidamente na tela. Assim, o que é responsabilidade maior da produção (a escolha da equipe de efeitos e de pós) funciona bem.
Sobre outros desastres
Por outro lado, os diálogos são sofríveis. Os atores, que também carecem de talento, deixam as frases óbvias ainda mais tolas. Os personagens, com isso, sofrem e parecem falsos. O pior deles é o amigo do casal que solta piadinhas o tempo todo. Imagine só, lá no desespero de estarem num avião submerso no mar, o rapaz solta que o pior é que ele não pode nem dar uma avaliação negativa porque o celular está sem sinal. Ou, depois que um tubarão arranca a perna de um personagem, ele comenta que ele fique feliz porque conseguiu perder peso.
Quem poderia frear estes erros é o diretor. Mas, Claudio Fäh está acostumado a realizar tranqueiras. Como, por exemplo, O Homem Sem Sombra 2 (Hollow Man II, 2006) e alguns filmes da terrível franquia O Atirador, entre outros filminhos de ação de baixo orçamento. Por isso, não consegue aqui instruir apropriadamente o elenco, nem filtrar o roteiro.
Além disso, ao invés de buscar um clima de tensão forte, ele prefere recursos mais fáceis como jump scares (que até estão bons) e um pouco de gore (desnecessários).
Enfim, quem salva Desespero Profundo é mesmo a produção. O espectador que não se irritar com os personagens e seus diálogos enervantes, até se diverte com as cenas de ação que não comprometem.
Entre os recentes filmes B com tubarões, Desespero Profundo está acima de The Requin (2022), com Alicia Silverstone, mas abaixo de O Demônio dos Mares (The Black Demon, 2023). E pau a pau com Tubarão: Mar de Sangue (Shark Bait, 2022).
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Ficha técnica:
Desespero Profundo | No Way Up | 2024 | 90 min | Direção: Claudio Fäh | Roteiro: Andy Mayson | Elenco: Sophie McIntosh, Will Attenborough, Jeremias Amoore, Manuel Pacific, Grace Nettle, Phyllis Logan, Colm Meaney, James Carroll Jordan.
Distribuição: Diamond Films.
Assista ao trailer aqui.
