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Divino Amor (filme)
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Divino Amor

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

Crítica:

O filme Divino Amor projeta um futuro próximo para o Brasil onde a religião domina o país. Nesse sentido, até o Carnaval foi substituído por um festival cristão.

No início do filme, a narração em voz de criança situa a estória no ano de 2027 e enfatiza o predomínio da religião. Adicionalmente, apresenta a protagonista, Joana, uma mulher extremamente religiosa que aproveita seu trabalho em um cartório para tentar salvar o casamento dos pedidos de divórcio que ela deve registrar. Assim, antes que os cônjuges assinem os documentos, ela tenta convencê-los a se juntarem a ela e o marido no encontro de casais chamado “Divino Amor”. Apesar de este ser um programa da igreja, ele envolve até troca de parceiros.

Além desse bizarro encontro de casais, o filme explora outros extremos dos fiéis que aceitam qualquer ideia proposta pela igreja. Por exemplo, o “drive-thru oração”, para onde Joana se dirige várias vezes para ouvir o sermão do pastor dentro do seu carro.

Provocador

Porém, Divino Amor assume uma crítica à religião, e aos seus fiéis, quando apresenta o desenlace do problema enfrentado pela sua protagonista. Nesse contexto, Joana está angustiada porque não consegue engravidar, por uma deficiência nos espermatozoides do marido. No entanto, quando ela fica surpreendentemente grávida, se desespera porque nenhum dos seus parceiros sexuais é o pai, nem seu marido nem os colegas do encontro de casais. Por conseguinte, ela tem certeza de que foi fertilizada por Deus. Porém, ninguém mais acredita, nem mesmo nenhum dos fiéis que pregam pelo retorno do Salvador.

Do mesmo modo, Jean-Luc Godard atualizou para os tempos atuais o milagre da concepção no seu filme Je vous salue, Marie (1985). Juntamente com Divino Amor, são obras que questionam se as próprias instituições religiosas, bem como seus fiéis seguidores, estariam prontas a aceitar um novo Jesus.

Por outro lado, Divino Amor provoca desconforto no espectador. Primeiro, pelos planos longos, com câmera fixa, que resultam em cenas demoradas. Segundo, por mostrar bastante nudez e sexo, além de o nascimento do bebê ser filmado por um ângulo inusitado e explícito. E, terceiro, pela voz de criança que narra a estória, num tom mais próximo do demoníaco do que do personagem que ele representa. Além disso, incomoda também a construção de um futuro próximo sem alterar quase nada da atualidade, nem mesmo o modelo do carro da protagonista – um product placement descarado.

Por fim, o diretor Gabriel Mascaro revela neste seu terceiro longa de ficção uma incursão mais provocativa do que em seus filmes anteriores Boi Neon (2015) e Ventos de Agosto (2014).


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