Em Domino – A Caçadora de Recompensas, Tony Scott dá uma de Quentin Tarantino. O diretor britânico, irmão de Ridley Scott, ficou famoso por dirigir filmes com fotografia exuberante, como Fome de Viver e Top Gun. E, mantendo a característica, o visual de Domino é rebuscado, com muitas cores fortes e saturadas, combinando com a violência gráfica contida na sua trama.
Keira Knightley troca os vestidos de época de Orgulho e Preconceito, Desejo e Reparação e A Duquesa pelo figurino surrado de calça jeans apertada com camiseta baby look para viver a personagem título de Domino. Ela é uma jovem que se revolta com seu status de filha de uma mãe que vive às custas de homens ricos (Jacqueline Bisset). Por isso, se junta a um grupo de caçadores de recompensas (Mickey Rourke, em mais um papel de desajustado, e Édgar Ramirez). E acaba virando celebridade em um reality show comandado por Christopher Walken.
Violência explícita
A comparação com o cinema do americano Tarantino surge não só pelo visual e ritmo frenético, mas também pelo tema da violência explícita atenuada pelo humor sarcástico e nervoso. Afinal, Tony Scott inquieta com o clima tenso e nervoso, mas, que não choca por brincar com o espectador. Por exemplo, na cena em que mostra os reféns sendo assassinados, e depois retrocedendo a imagem porque isso não havia acontecido. Aliás, a narrativa em “off” da protagonista ajuda nesse aspecto. Nas primeiras sequências, ela afirma que não morreu, afinal esse filme não se chama Crepúsculo dos Deuses (clássico film noir que era narrado por um defunto).
Por outro lado, é curioso e engraçado ver os atores amolfadinhas do seriado Barrados no Baile, Brian Austin Green e Ian Ziering, interpretando a si mesmos, em autoparódia. Sem contar, o desfile de atores famosos. Além de todos os já citados, participam: Mena Suvani, Lucy Liu, Dabney Coleman, Mo’Nique, Jerry Springer, e outros.
Contudo, Domino – A Caçadora de Recompensas se torna arrastado em sua última parte. O grand finale, que reúne vários personagens em um tremendo duelo, demora muito a acontecer. No entanto, ainda que o resultado não seja uma pérola, desta vez Tony Scott ao menos se reinventa e foge do lugar comum e da sua zona de conforto.
