“Doris, Redescobrindo o Amor” foi lançado nos festivais de cinema norte-americano no primeiro semestre de 2015. Mas só chegou ao circuito comercial neste ano, em circuito limitado. E já está até disponível em dvd. No Brasil, estreia dia 2 de junho de 2016 nos cinemas.
A sua divulgação merecia melhor estratégia, mas o figurino exageradamente caricato da personagem principal, Doris, vivida por Sally Field, provavelmente atrapalhou melhores avaliações dos distribuidores. Afinal, quem usa uma fita gigante na cabeça? Para piorar, o nome Doris traz à mente aquela peixinha esquecida de “Procurando Nemo”. E um filme com ela como protagonista está sendo muito promovido para ser lançado mundialmente neste mês, com o nome de “Procurando Dory”.
Mas, por trás desses problemas se esconde uma comédia romântica acima da média, com um roteiro que evita espertamente algumas armadilhas do gênero, e que Sally Field tira de letra, apesar do papel um tanto ingrato. Ainda bem que a atriz está calejada em viver personagens bizarros, desde seu início de carreira como a “Noviça Voadora”.
Quem é Doris
Doris é uma sexagenária solteirona e recatada, que sempre viveu com sua mãe, acumulando pilhas de coisas velhas durante anos. Quando a mãe morre, novas oportunidades podem surgir. Conhece o novo diretor de arte da empresa onde Doris trabalha há muito tempo em uma posição de assistente na Contabilidade. De imediato, apaixona-se por ele. Uma palestra de auto-ajuda lhe dá forças para tentar conquista-lo, apesar de ele ser muito jovem e ter a cara do Tom Cruise.
Há várias cenas de imaginação em “Doris, Redescobrindo o Amor”, nas quais Doris fantasia que sua paixão é correspondida, enquanto na verdade fica olhando para o nada com cara de abobalhada. Nem sempre esses momentos provocam risos, mas são chave para terminar o filme de forma inteligente, quando qualquer outra conclusão poderia dividir a opinião do público.
E, para seguir com o plano da conquista, Doris escuta conselhos de uma menina de 13 anos, neta de sua melhor amiga. É assim que ela consegue acessar o Facebook dele e descobrir seus gostos pessoais, como uma banda de tecnopop, cujo cd ela compra e coloca para ouvir em casa, originando uma das cenas mais engraçadas do filme, com Doris dançando ao ritmo acelerado da música.
Esse e outros momentos hilariantes – sim, há vários deles – só funcionam pelo talento da atriz Sally Field, que ainda conquista a empatia nos momentos tristes da estória. Além disso, o diretor e co-roteirista Michael Showalter, que tem feito carreira na TV, demonstra mãos leves e evitar cair no melodrama óbvio que a trama poderia levar. Obtém, assim, gargalhadas, risos, sorrisos… sem lágrimas.
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Ficha técnica:
Doris, Redescobrindo o Amor (Hello, My Name Is Doris, 2015) 95 min. Dir: Michael Showalter. Rot: Laura Teruso e Michael Showalter. Com Sally Field, Max Greenfield, Beth Behrs, Tyne Daly, Elizabeth Reaser, Rich Sommer, Isabella Acres, Stephen Root, Wendi McLendon-Covey, Kumail Nanjiani, Rebecca Wisocky, Edmund Lupinski, Leilani Smith, Peter Gallagher, Susan Ziegler, Caroline Aaron, Anna Akana, Natasha Lyone, Michael Terra, Renna Nightingale, Eric Pumphrey, Don Stark.
Assista: Sally Field e Michael Showalter falam sobre Doris, Redescobrindo o Amor