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Ennio, o Maestro (filme)
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Ennio, o Maestro

Avaliação:
10/10

10/10

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Crítica | Ficha técnica

Ennio, o Maestro não é um daqueles documentários que apenas reúnem materiais, raros ou não, acrescidos de entrevistas com várias personalidades que guardam relação com o retratado. Dirigido por Giuseppe Tornatore, o filme se aproxima de uma autobiografia. Afinal, conta com o próprio Ennio Morricone, falecido em julho de 2020, como o condutor do relato de sua história.

Por iniciativa própria ou por mérito do diretor Tornatore, para quem Ennio Morricone criou trilhas inesquecíveis como a de Cinema Paradiso (1988), o compositor italiano se entrega de corpo e alma ao gravar sua narrativa. Recorda-se das composições que escreveu para várias de suas quase quinhentas contribuições para produções audiovisuais (370 só de longas-metragens de ficção). Cantarola trechos, enquanto faz gestos com as mãos como se estivesse em seu posto de maestro, e explica as inspirações que resultaram em peças imortais. O revolucionário tema de Por Um Punhado de Dólares (Per un pugno di dollari, 1964), por exemplo, foi influenciado por Onde Começa o Inferno (Rio Bravo, 1959), dirigido por Howard Hawks com música de Dimitri Tiomkin. Mas o conhecimento de Morricone era amplo, e ele revela referências a Bach e outros compositores clássicos bem como de música experimental. A música feita com ruídos do início de Era uma Vez no Oeste (C’era una volta il West, 1968), nesse sentido, surgiu de uma apresentação de um músico experimental que ele assistiu em Florença.

Do desprezo ao sucesso

Todo documentário revela algumas curiosidades. No caso de Ennio, o Maestro, descobrimos que criar trilhas sonoras para o cinema era uma atividade desprezada pelos colegas compositores. Por isso, Morricone usou um pseudônimo em seus primeiros trabalhos, em spaguetti westerns. Com o tempo, principalmente com o surgimento de obras magníficas como as do próprio Morricone, essa percepção mudou. Mas não totalmente, pois seu mestre nunca colocou esse tipo de música no mesmo patamar de composições eruditas. Mesmo Morricone demorou para aceitar essa sua profissão sem sentir nenhuma inferioridade.

Quanto a sucesso comercial, isso veio naturalmente, como comprovam os discos de ouro que suas trilhas musicais para filmes receberam, um feito surpreendente. E, mais ainda, com a canção “Here’s to You”, interpretada por Joan Baez. Mas mesmo nos hits populares, Morricone era genial, como ele detalha sobre a complexidade musical de “Se Telefonando”, que ele compôs para a cantora italiana Mina, lançada em 1966.

Uma aula para alunos avançados

Na verdade, esse é um dos trechos em que o documentário se transforma em uma aula de música. Aliás, o maestro expõe com uma riqueza de detalhes que só músicos conseguem compreender em sua totalidade. Entre outros ensinamentos, Morricone explica quais são as funções de um arranjador, profissão que ele abraçou no início de sua carreira profissional. Em certos momentos, com sua emoção e sua entrega nos depoimentos, consegue refletir a magia por trás da criação de suas composições. Tornatore faz sua parte, e deixa o maestro se aprofundar livremente em suas exposições.

O documentário comprova que o escopo da influência de Ennio Morricone é vasto. Por isso, entre os depoentes, estão colegas compositores, tanto do cinema quanto da música erudita, bem como diretores, cantores e músicos que trabalharam com ele, até artistas famosos que usam suas composições em suas apresentações. Aliás, confira na ficha técnica abaixo, uma parte desses nomes que participam do filme.

Ennio, o Maestro é um documentário precioso, não só para cinéfilos, como para músicos. O longa informa que ele nunca foi professor de música, mas aqui ele compensa isso com valorosas lições, algumas só acessíveis para alunos avançados.


Ennio, o Maestro (filme)
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