O diretor Christopher Landon vem experimentando todas as vertentes do gênero terror e suspense. Já fez filme de zumbi (Como Sobreviver a um Ataque Zumbi, de 2015), found footage (o quinto Atividade Paranormal, de 2014), slasher (A Morte de Dá Parabéns, de 2017, seu melhor trabalho até aqui, e sua sequência de 2019), e terror cômico Freaky (2020). Em seu novo lançamento, Drop: Ameaça Anônima, Langdon investe no suspense e supera todos os seus trabalhos anteriores.
No fundo, Drop: Ameaça Anônima é um whodunit modernizado. A viúva Violet (Meghann Fahy) está num restaurante chique, justamente em seu primeiro encontro às cegas depois que se casou, quando começa a receber mensagens ameaçadores em seu celular. O mistério que o filme convida o público a desvendar é: quem está por trás disso? Pelo limite de alcance do aplicativo, tem que ser alguém do restaurante, mas quem?
E, como num livro de Agatha Christie, o filme desfila vários suspeitos, desde o início do enredo. Para começar, brinca com a moda de flash forwards no prólogo. A introdução mostra Violet acuada por um homem armado, indicando que a trama levará para essa situação. Mas, não demora muito para todos descobrirem que essa cena constitui a derradeira violência doméstica que a personagem principal sofreu em sua vida.
Enfim, voltando aos suspeitos, um deles pode ser o funcionário da companhia elétrica que veio anotar a medição na casa de Violet. Mas, é no restaurante que brotam personagens duvidosos. Tem o rapaz que esbarra nela, um homem que conversa com ela e que também está num encontro via aplicativo, e os dois funcionários novos (o garçom e o pianista), entre outros. Sem descartar, evidentemente, o date de Violet, Henry (Brandon Sklenar), apesar de ele ser tão amável e paciente que quase soa caricatural.
Alguns problemas
O roteiro planta uma causa indiscutível para que Violet se sinta forçada a seguir as assustadoras ordens que recebe nessas mensagens anônimas. Afinal, não tem como ela ignorar as instruções quando um invasor em sua casa ameaça matar o seu filho de seis anos e a sua irmã caso ela desobedeça. Porém, nesse quesito, o diretor Christopher Landon pegou leve demais e não foi capaz de construir a tensão necessária que retratasse a angústia de Violet. E, não precisava muito. Bastava um trecho mostrando o matador armado com seus dois reféns amarrados para causar esse efeito.
Ao invés disso, Landon se perde nas múltiplas câmeras internas dentro da casa, que provocam a impressão de que a ameaça não está tão perto das pessoas que a protagonista ama. Em certo momento, elas servem até para uma montagem que cobre as paredes e o teto do reservado do banheiro onde Violet se senta desesperada. Nessa cena, os efeitos visuais se justificam, pois enfatizam essa sensação da personagem. No entanto, o uso excessivo de variações visuais para revelar as mensagens que ela recebe no celular (uma delas cobre toda a imensa janela do restaurante panorâmico) provocam indesejadas distrações no público (ainda mais com as legendas em português disputando essa atenção).
Perseguição de slasher
Na parte final, Drop: Ameaça Anônima fica mais movimentado. Como num slasher, Violet confronta o assassino em sua casa. As cenas de ação desse trecho, apesar de serem bem emocionantes, parecem não pertencer a esse filme, já que acontecem depois que o mistério foi desvendado. E tem ainda a solução do carrinho de controle remoto que soa ingênua demais. Ademais, há também algumas piadinhas deslocadas, principalmente com o garçom novato, que não deveriam estar no filme.
Contudo, o mais importante, considerando o gênero whodunit, é que a revelação do suspeito não desaponta. O disfarce convence, e provavelmente surpreenderá a maior parte do público, inclusive porque o culpado possuía motivos justificados para seu plano milimetricamente calculado. Portando, colocando tudo isso na balança, os pontos positivos superam de longe os problemas do filme.
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Ficha técnica:
Drop: Ameaça Anônima | Drop | 2025 | 100 min. | EUA | Direção: Christopher Landon | Elenco: Meghann Fahy, Brandon Sklenar, Violett Beane, Jacob Robinson, Reed Diamond, Gabrielle Ryan, Jeffery Self, Ed Weeks, Travis Nelson.
Distribuição: Universal Pictures.
