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Duas Rainhas (filme)
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Duas Rainhas

Avaliação:
5/10

5/10

Crítica | Ficha técnica

Duas Rainhas é uma decepcionante cinebiografia de Mary Stuart, Rainha da Escócia entre 1542 e 1567. O filme marca a estreia em cinema da diretora Josie Rourke, cuja carreira foi construída no teatro. Rourke é responsável por transmissões ao vivo de produções do National Theatre.

O título nacional nos leva a supor que o filme traz a história de Mary Stuart (Saoirse Ronan) e da Rainha Elizabeth I (Margot Robbie), da Inglaterra. No entanto, o protagonismo é claramente de Mary Stuart, apesar de a trama permitir que acompanhemos em paralelo o que acontece com a rainha inglesa. A história se inicia em 1561, quando Mary retorna viúva de seu frustrado casamento com o herdeiro do trono francês. Através de correspondências, a Rainha da Escócia propõe à Rainha Elizabeth que os dois reinos se unam pacificamente. Porém, Mary precisa lidar com as intrigas internas, que envolvem até o seu meio-irmão e o líder da igreja protestante, e ainda resolver a questão sucessória.

Empoderamento

O empoderamento feminino assume relevância crucial em Duas Rainhas, e isso se torna evidente a partir da primeira carta de Mary para Elizabeth, quando ela diz: “Para governarmos lado a lado, precisamos de harmonia, e não de um tratado redigido por homens inferiores a nós.”. Ademais, na cena seguinte surge o líder religioso John Knox em seu sermão preconceituoso contra as mulheres. Porém, a Rainha da Inglaterra não abraça essa causa, o que descamba na execução de Mary Stuart, desfecho que o próprio filme antecipa no prólogo.

Há uma camada psicológica que abala Elizabeth, que subentendemos mesmo não sendo explícita. E se trata do fato de que a varíola tira a beleza da rainha inglesa, que fica com ciúmes da formosura de Mary, e isso contribui para a recusa em se unirem. Por outro lado, a doença também acarreta o fato de Elizabeth nunca se casar e não gerar um herdeiro. Depois, ironicamente, o filho de Mary Stuart, James, se tornará o primeiro rei que governará os reinos da Inglaterra e da Escócia.

Enfim, o filme caracteriza Mary Stuart como uma mulher destemida, que enfrenta seus opositores e reivindica constantemente seu direito ao trono. Durona, mas sem perder a ternura, perdoa seu meio-irmão que tentou tirá-la do poder. No entanto, sofre um choque de realidade ao ver seus sonhos destruídos, ser obrigada a abdicar de seu trono e ainda condenada à decapitação.

Teatral

A empostação teatral de Saoirse Ronan soa um tanto exagerada. Funcionaria bem no teatro, meio habitual da diretora Josie Rourke, mas no filme, com os closes das câmeras enfatizando as expressões da atriz, parece além da conta. Curiosamente, a atriz Margot Robbie peca por uma interpretação opaca, até sua voz parece enfraquecida. Parte disso deve ser para se colocar como personagem secundária, mas também para expor a rainha inglesa como uma pessoa fraca, fama que ganhou porque governou com base em um conselho de assessores. Ainda na questão de Elizabeth, o filme a apresenta com uma maquiagem tremendamente pesada, que escondia os estragos da varíola em seu rosto. Porém, a camada de massa no rosto e a peruca laranja tornam ainda mais artificial essa personagem que está longe de ter o protagonismo sustentado pelo título nacional.

Josie Rourke utiliza algumas conexões pobres durante o filme. Por exemplo, o potro recém-nascido imediatamente após o início do parto de Mary Stuart, ou o choro da criança que ouvimos na cena da morte do seu pai, o rei da Escócia. Já a sequência do encontro entre Mary e Elizabeth funciona melhor, pois o local repleto de panos pendurados (novamente a herança teatral) representa a gradual eliminação das aparências até as duas rainhas finalmente se conhecerem cara a cara.

Além disso, a origem teatral talvez explique, também, o uso de cenários com menos pompa do que o cinema costuma apresentar. Afinal, se trata de um filme de época com protagonismo da realeza, mas vemos a rainha com suas aias numa área do castelo com pouco luxo, apreciando a música do menestrel.

Mary Stuart no cinema

Em suma, Duas Rainhas fracassa na tentativa de retratar com emoção esse período tão crucial para a História do Reino Unido. Mas, se gostou do assunto, procure conhecer Mary Stuart, Rainha da Escócia (Mary, Queen of Scots), filme de 1971 com Vanessa Redgrave, e Mary Stuart, Rainha da Escócia (Mary of Scotland, 1936), de John Ford, com Katharine Hepburn. Ambos conseguem resultados muito melhores.

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Ficha técnica:

Duas Rainhas (Mary Queen of Scots, 2018) Reino Unido/EUA. 124 min. Dir: Josie Rourke. Rot: Beau Willimon. Elenco: Saoirse Ronan, Margot Robbie, Jack Lowden, David Tennant, Maria Dragus, Eileen O’Higgins, Joe Alwyn, Angela Bain, Richard Cant, Liah O’Prey.

Universal Pictures

Trailer:
Onde assistir "Duas Rainhas":
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