Pesquisar
Close this search box.
El Dorado (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

El Dorado

Avaliação:
8/10

8/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

O penúltimo filme de Howard Hawks, El Dorado, é um faroeste que garante a diversão com muita ação e humor.

El Dorado é um dos últimos representantes do faroeste para toda a família, que não exagera na violência e possui vários momentos engraçados. Realizado no fim dos anos 1960, quando os Estados Unidos já estavam na Guerra do Vietnã e da Coreia e o presidente John Kennedy fora assassinado. Portanto, se a televisão mostrava a brutalidade desses eventos nos noticiários diários, a tradicional visão romântica da conquista do oeste dos westerns perdia sua capacidade de entreter.

O cineasta John Ford elaborou sua metáfora para essa situação em O Homem Que Matou o Fascínora (1962). No mesmo sentido, em El Dorado, Howard Hawks preferiu enfrentar o zeitgeist com um roteiro intrincado, com muitas reviravoltas e personagens sólidos.

No entanto, Howard Hawks parece não ignorar que os faroestes clássicos estavam se tornando peças nostálgicas. E, provavelmente por isso, coloca nos créditos iniciais uma montagem de pinturas retratando o velho oeste com estilo realista. Aliás, são obras de Olaf Wieghorst, que foi convidado para uma ponta no filme como o personagem Swede Larsen, que vende o rifle adaptado para Mississippi (James Caan). Ademais, nessa abertura, ouvimos uma daquelas canções westerns antigas, tudo muito nostálgico.

O enredo

O veterano pistoleiro Cole Thornton (John Wayne) chega a El Dorado, onde seu amigo J.P. Harrah (Robert Mitchum) é o xerife, porque foi contratado por Bart Jason (Edward Asner), um dos grandes proprietários do local. Quando J.P. esclarece que o serviço dele é intimidar o fazendeiro Kevin MacDonald (R.G. Armstrong) para força-lo a vender suas terras para Jason, Cole declina a proposta. Sem saber disso, o filho mais novo de MacDonald tenta assassinar Cole e acaba morto. Então, após esclarecer o que aconteceu, Cole parte.

Seis meses depois, em outra cidade, Cole conhece Nelse McLeod (Christopher George), o novo pistoleiro contratado por Jason. Ao saber que J.P. se tornou alcoólatra devido a uma desilusão amorosa e que ele será presa fácil para McLeod, Cole resolve voltar para El Dorado e ajudar seu amigo. Para isso, conta com um novo parceiro, o jovem Mississippi.

Sem soluções simplórias

O roteiro não oferece soluções simplórias e coloca mais conflitos do que a média dos filmes do gênero. De fato, há pelo menos um clímax forte em cada um dos atos e, quando pensamos que tudo já está resolvido, um novo conflito aparece. Todos esses momentos envolvem o espectador porque os personagens são ricamente construídos, até mesmo os coadjuvantes, e isso provoca o interesse do público pelo destino de cada um deles.

Assim, Cole e J.P são pistoleiros exímios, de bom caráter, mas possuem suas falhas. Cole leva um tiro da filha de MacDonald e isso afetará o movimento de sua mão durante todo o filme. Por seu lado, J.P. está incapacitado por causa das bebidas.

Já o jovem Mississippi é letal com uma faca, mas não sabe atirar com uma arma. E o vilão McLeod, marcado com uma cicatriz no rosto, é um bandido com ética que morre sem que seu rival lhe permita igualdade de condições. Como sinal dos tempos, onde o feminismo crescia, existe a presença da garota Joey MacDonald (Michele Carey), que enfrenta os homens sem medo e é bem mais útil do que seu falecido irmão caçula.

Formalmente, saltam aos olhos as cores vivas do Technicolor, ressaltadas pelos enquadramentos e planos confortáveis e naturais da câmera. Apenas uma ousadia merece menção, aquela cena em que um dos bandidos cai da torre da igreja sobre a câmera em contra plongée.

Elenco

Os dois atores principais, Wayne e Mitchum, são gigantes do cinema, tanto pelo físico quanto pela importância. Aliás, marcaram presença em vários e renomados filmes dos melhores diretores. Aqui, formam uma dupla que funciona não só na ação, mas também no humor. Principalmente por conta de Mitchum, que esbanja caretas e frases cômicas, enquanto Wayne faz o tipo “deadpan”, como se nada de engraçado estivesse ocorrendo.

Por fim, esses dos terminam o filme caminhando pela rua principal de El Dorado, ambos portando sua muleta porque foram feridos durante o filme. Sabem que cumpriram suas missões. É fácil refletir essa cena final na situação dos cineastas Howard Hawks e John Ford, com suas respectivas carreiras brilhantes no cinema. Agora, inevitavelmente fragilizados pela idade, se despedindo do cinema em seus derradeiros trabalhos.


Onde assistir:
El Dorado (filme)
El Dorado (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo