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Eles Vivem (filme)
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Eles Vivem

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

John Carpenter constrói uma criativa crítica ao capitalismo em Eles Vivem.

O roteiro de John Carpenter adapta o conto “Eight O’Clock in the Morning”, escrito por Ray Nelson e publicada pela primeira vez na edição de novembro de 1963 da The Magazine of Science Fiction & Fantasy. Naquele mês, o presidente democrata John F. Kennedy foi assassinado. Porém, o filme teve lançamento no final do longo mandato do republicano Ronald Reagan, época em que o consumismo e a ambição – na figura dos “yuppies” – ditavam os valores nos EUA.

O filme Eles Vivem é a ferramenta cultural que John Carpenter utiliza para criticar esse modo de vida. Talvez como reflexo disso, o elenco traz apenas nomes desconhecidos, e não astros famosos. No papel principal, está o gigante e musculoso lutador de wrestling Roddy Piper, que estreava como protagonista.

A trama

Além disso, seu personagem, que é o herói da estória, é um trabalhador desempregado que chega a Los Angeles para sobreviver como morador de rua. Ou seja, um oposto do yuppie. Quando ele arruma um emprego numa obra, descobre uns óculos de sol que permitem enxergar a presença de seres extraterrestres e suas ações de controle das pessoas.

Esses seres se escondem por trás da forma humana de pessoas ricas e poderosas. Suas ordens subliminares ficam expostas com o uso dos óculos. E as mensagens ocultas são ordens para as pessoas obedecerem e consumirem, sem pensar. Dessa forma, eles ficam ainda mais poderosos para dominar o mundo.

Então, o herói encontra um grupo clandestino de revolucionários que descobriram essa verdade e querem combater esses seres. Porém, eles são descobertos. Logo, resta ao protagonista enfrentar praticamente sozinho esses inimigos.

Produção

Além dessa ótima estória de teoria da conspiração, John Carpenter realiza um filme exemplar também na produção. Nesse sentido, ao invés de gastar dinheiro com os cachês milionários de atores famosos, ele prefere investir nos efeitos especiais e visuais. De fato, a concepção dos alienígenas é surpreendente e, ainda hoje, não parece ultrapassada. Esses seres parecem caveiras com um tipo de iluminação por dentro.

Por outro lado, o roteiro consegue manter um ritmo de progressão sem ser acelerado demais. Dessa forma, ele permite que o público possa digerir a estória juntamente com o protagonista, descobrindo aos poucos o que acontece. Aqui, Carpenter troca suas trilhas sonoras eletrônicas por músicas mais cadenciadas.

Aliás, vale destacar uma longa sequência de luta entre os personagens de Roddy Piper e Keith David, digna dos melhores ringues de luta livre. Sem dublês e sem necessidade de efeitos especiais, os dois se atracam por mais de cinco minutos em uma briga de rua que parece não ter fim.

Na parte final, Eles Vivem se torna mais acelerado, com muitas cenas de ação nos combates entre humanos e seres alienígenas. Tudo funciona muito eficientemente, inclusive a imensa instalação subterrânea onde fica a central dos extraterrestres. Ademais, o filme até antecipa a existência de drones que vigiam as ruas.

Enfim, Eles Vivem é talvez a obra com temática mais séria de John Carpenter, cineasta que havia feito imediatamente antes o terror Príncipe das Sombras (1987) e o divertido Os Aventureiros do Bairro Proibido (1986). Uma ficção científica que provoca reflexão, embalada em uma estória que entretém.


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