Neste junho de 2022, a MUBI celebra o Mês do Orgulho LGBTQIA+ com uma programação especial. Para começar, um especial dedicado a Xavier Dolan, cineasta essencial do Novo Cinema Queer. A diversidade sexual e a figura materna são os temas mais recorrentes do diretor. O especial inclui Mamã, o filme que lhe deu seu primeiro prêmio em Cannes, É Apenas o Fim do Mundo, e os já disponíveis na plataforma Tom na Fazenda e Matthias & Maxime.
A MUBI traz, também, filmes do cineasta experimental francês Alexis Langlois. Suas comédias queer subversivas e surreais exploram identidade sexual, transfobia e comunidade. A plataforma de streaming apresenta seus mais recentes curtas The Demons of Dorothy, descrito pelo próprio Langlois como “uma espécie de O Mágico de Oz queer”, e Terror, Sisters!, uma homenagem aos filmes de gênero, cultura pop e o universo camp de John Waters.
Dentro do mesmo contexto, estreia o mais novo projeto da crescente cena cinematográfica da Geórgia, Wet Sand (2021), de Elene Naveriani. A morte de um patriarca local choca uma pequena cidade no Mar Negro, pois a chegada de uma filha distante força a comunidade da ilha a enfrentar uma dolorosa história de segredos e mentiras, Enquanto isso, tentam desvendar as trágicas consequências de uma secreta vida amorosa. O resultado é uma obra comovente e corajosa, em que Naveriani analisa a persistência do amor à sombra do fundamentalismo cristão.
Ainda dentro do especial da MUBI do Mês do Orgulho inclui Our Bodies Are Their Battlefields (2021), de Isabelle Solas, um retrato íntimo da vida de duas mulheres trans, Claudia e Violeta, enquanto elas e seus parceiros lideram a luta contra a violência patriarcal na Argentina. Este filme revela como histórias de realização individual podem se tornar apelos à ação coletiva.
Protagonizado pela incomparável atriz e cineasta Isabel Sandoval, The Actress (2021) marca o retorno de Andrew Ondrejcak ao cinema. Seu novo curta-metragem, encomendado pela Savannah College of Art and Design, é inspirado no livro “Orlando” de Virginia Woolf. Na narrativa, Sandoval se transforma em icônicas figuras do cinema, para questionar como Hollywood moldou os ideais de arte e beleza.
Além disso, chega ao MUBI a narrativa vigorosa de Vitalina Varela. O longa de Pedro Costa estabelece um laço entre realidade e ficção para contar a história de uma imigrante cabo-verdiana de 55 anos.
Em junho na MUBI, Ousmane Sembène, pai do cinema africano, faz sua estreia na MUBI com O Carroceiro e A Negra De…, longa tido por muitos como o primeiro filme de projeção de um diretor da África Ocidental. Filme de estreia do cineasta, a narrativa critica poderosamente a mentalidade colonialista e a fetichização da África pela Europa.
Oito anos depois de The Strange Little Cat causar muito burburinho na Berlinale, os gêmeos suíços Zürcher retornam com The Girl and the Spider (2021), a segunda parte de uma trilogia sobre conexões humanas. Este filme conta a história de Lisa, que se muda do apartamento que dividia com Mara para outro onde viverá sozinha. A produção promove uma reflexão sobre perda, transição e relacionamentos interpessoais.
Pleasure (2021, foto/divulgação) traz uma visão crua, vital e inovadora sobre a indústria pornográfica, marcando a estreia da cineasta sueca Ninja Thyberg. Bella (a novata Sofia Kappel) chega a Los Angeles vinda de sua cidade natal na Suécia para se tornar a próxima grande estrela pornô. No entanto, à medida que sua ambição implacável a leva a um território cada vez mais perigoso, ela luta para conciliar seus sonhos de poder com a realidade do lado mais sombrio de sua indústria. Uma das estreias mais provocantes do Festival de Cinema de Sundance de 2021, este filme traz novas visões sobre o trabalho sexual em uma indústria dominada por homens, com um realismo notável.
Fabian – O Mundo Está Acabando, de Dominik Grafuma, é uma adaptação nada burocrática do livro “Fabian. Die Geschichte eines Moralisten”, de Erich Kästner, publicado em 1931. Leia a crítica do filme aqui.
Por fim, destaca-se no mês o vencedor do prêmio de Melhor Filme na seção Encontros da Berlinale em 2021, We é o mais novo trabalho da premiada documentarista Alice Diop. Um olhar vital e fascinante sobre as comunidades majoritariamente negras e imigrantes dos subúrbios parisienses, cujas vidas e meios de subsistência estão conectados pelo RER B: um trem urbano que atravessa a cidade de norte a sul. Aqui, Diop foca sua câmera em uma gama diversificada de assuntos que formam um retrato panorâmico da Paris contemporânea, enquanto explora as divisões que assombram o presente da França e se pergunta o que poderia manter unida uma nação tão fraturada.
Por último, dois clássicos entram em junho na MUBI. O francês A Besta Humana, de Jean Renoir, e o nacional Bye Bye Brasil, de Carlos Diegues.
Confira a programação completa abaixo: