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Em Trânsito

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

No filme Em Trânsito, Christian Petzold adapta o livro de Anna Seghers sobre refugiados que se escondiam dos nazistas na França. Porém, ele situa a ação em uma época não definida, mais perto da contemporaneidade. O roteiro define os opressores como alemães, mas não como nazistas. Com isso, a história se torna mais universal, e mais impactante por se aproximar da nossa realidade.

Na trama, Georg se apossa dos pertences de Weidel, um renomado escritor, que se suicidou. Entre seus documentos, há uma carta do governo mexicano oferecendo asilo político ao autor. Então, Georg se dirige à cidade portuário de Marselha e se faz passar por Weidel, obtendo, assim, o visto para sua fuga. Porém, enquanto aguarda o dia da partida do navio, conhece Marie, a esposa de Weidel que não sabe da sua morte e que mantém um caso com um médico. Georg se apaixona por Marie, e fica na dúvida se arrisca seu amor e sua fuga contando a verdade para ela.

O amor e a desconfiança nos filmes de Petzold

Em Trânsito é a última parte da trilogia “Amor em Tempos de Sistemas Opressivos”, de Christian Petzold. Os outros dois filmes da trilogia são Barbara (2012) e Fênix (2014). Nos três longas, o amor define a atitude crucial do protagonista.

Dentro da sua filmografia, Em Trânsito diferencia-se porque a desconfiança principal não é sentida pelo protagonista, mas provocada por ele. De um lado, Georg não pode confiar em ninguém, e esse representa um risco onipresente. Por exemplo, suas suspeitas de que a gerente do hotel em Marselha o delataria se comprovam. No entanto, Georg também dissimula a sua identidade, fazendo-se passar por Weidel para conseguir o visto nas embaixadas e para se livrar da batida policial. E, esconde essa mentira das pessoas a quem se afeiçoa em Marselha, especialmente de Marie e do menino Driss.

Aliás, a relação paternal entre Georg e Driss é até mais fortemente ilustrada no filme do que a paixão por Marie. Com o garoto, vemos o progresso do relacionamento, com uma afeição crescente e o desespero de Driss ao descobrir que Georg irá embora, provavelmente como fez o seu pai antes. Já com Marie, o interesse nasce de encontros instantâneos, mas a atração de fato surge demasiado rapidamente.

Por fim, a última cena traz uma esperança de que Georg possa reencontrar Marie. Contudo, conhecendo o pessimismo que permeia os filmes de Christian Petzold, já denunciado na tragédia de Em Trânsito, provavelmente, se trata de uma falsa impressão do protagonista. Porém, o final é aberto para cada espectador escolher o desfecho que melhor lhe convier.


Em Trânsito (filme)
Em Trânsito (filme)
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