O filme argentino Emilia leva para as telas os conflitos internos de uma jovem em busca de autoconhecimento.
No longa, depois de se desentender com sua namorada, Emilia retorna para a casa da mãe em Sierra Grande. E essa é a pequena cidade perto do litoral no Sudeste argentino, onde ela cresceu.
Então, nessa pequena comunidade, enquanto reserva alguns momentos para reflexão, Emilia se comporta erraticamente. Nesse sentido, discute com sua mãe, e faz sexo com seu ex-namorado, hoje casado com sua melhor amiga.
Em seguida, começa a trabalhar como assistente do professor de vôlei na escola onde estudou. Lá, flerta com uma aluna adolescente.
Análise
O diretor e roteirista César Sodero, neste seu segundo filme, usa vários recursos da gramática audiovisual para comunicar a desorientação da protagonista.
Para começar, na cena inicial, a câmera permanece fixa num plano geral que mostra um ponto da cidade, de madrugada bem cedo. Os comerciantes iniciam seu dia de trabalho como sempre, quando chega o ônibus de viagem de onde desembarca Emilia. Assim, esse trecho deixa clara a posição dela como uma forasteira entrando num ambiente onde as rotinas já estão definidas.
E, durante o filme, ela vai descobrindo que não pertence àquele lugar. De fato, não há espaço para ela na vida da mãe, que há anos mora sozinha. Nesse contexto, duas cenas similares revelam isso pictoriamente. Por exemplo, uma mostra Emilia saindo do carro da mãe e a outra da casa. Em ambas, a vemos através da porta, como se enfatizando sua necessidade de se afastar daquele ambiente, que a repudia.
Complementarmente, em vários momentos a personagem está sozinha, refletindo consigo mesma.
Enfim, o ato crucial que define que Emilia não encontrará o que procura ali é a transa com a aluna adolescente. O sexo é bom, o filme a mostra sentindo muito prazer físico. Porém, logo depois ela chora muito, pois se sente vazia porque não foi suficiente.
Apesar de o final ser aberto, o destino da personagem fica evidente. Emilia reconhece que precisa assumir o relacionamento sério que a namorada lhe propôs.
Em conclusão, Emilia é um filme quieto, com pouca música, ritmo cadenciado, sem picos dramáticos. Um reflexo do tempo de autoconhecimento necessário para a protagonista.
___________________________________________
Ficha técnica:
Emilia (2020) Argentina, 97 min. Dir/Rot: César Sodero. Elenco: Sofía Palomino, Claudia Cantero, Ezequiel Díaz, Camila Peralta, Nina Dziembrowski, Fernando Contigiani, Jorge Sesán.