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A Caçada (filme)
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A Caçada

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Corajoso e surpreendente, A Caçada seguidamente quebra as expectativas do espectador. Dessa forma, trabalha com inteligência o tema atualíssimo da intolerância.

Na trama, um grupo de uma elite abonada seleciona onze pessoas entre as mais politicamente incorretas dos EUA. Elas são drogadas e, em seguida, levadas para um lugar afastado e desconhecido. Lá, servem como alvo de uma caçada chamada Manorgate. Em outras palavras, com a finalidade de serem executadas por causa de suas atitudes. Sejam elas racistas, homofóbicas, misóginas, ambientalmente criminosas etc. Porém, o jogo vira quando o grupo percebe que escolheu uma ex-combatente do Afeganistão entre suas vítimas.

Quando as presas são soltas no campo, com uma mordaça na boca, sem saber o que está acontecendo, a impressão que temos é que já vimos situação semelhante em outros filmes. Por exemplo, no sucesso Jogos Vorazes ou no brasileiro Bacurau. A princípio, algumas piadas de humor negro com violência gráfica indicam um tom de paródia escrachada sem graça. Por exemplo, quando a mulher cai numa vala com lanças. Todavia, persista no filme. Logo, A Caçada desperta o interesse quando surpreende em relação a quem tomará o protagonismo na estória. Afinal, muitos dos escolhidos morrem logo nos primeiros minutos. Então, a dica é não assistir ao trailer. Dessa forma, dificilmente você acertará quem serão os últimos sobreviventes.

Assim, para esses personagens, as sequências seguintes envolvem um dilema. Eles devem descobrir quem pertence ao grupo das caças e quem ao dos caçadores. Como resultado, o filme aproveita para continuar a brincar com a expectativa do espectador.

Análise do filme

O diretor Craig Zobel já experimentou esse gênero quando assumiu a direção de um episódio da série Westworld, em 2018. Da mesma forma, ele também dirigiu antes o polêmico Obediência (2012). Agora, em A Caçada, Zobel se inspira em Quentin Tarantino nas cenas de violência gráfica exagerada. Aliás, até na reprodução dos característicos diálogos sobre temas aleatórios de Tarantino. Isso está na cena em que uma personagem conta uma adaptação da fábula da lebre e da tartaruga.

Depois, a conclusão desse conto retorna no final do filme A Caçada, na metáfora da lebre que surge após a batalha final. Nesse sentido, a caça que sobrevive representa a lebre da fábula adaptada. Por fim, ela se vinga do adversário eliminando todo o grupo. E se aproveita da comida, da bebida, bem como do luxo da tartaruga que se considerava a vencedora.

Dessa forma, o filme apresenta um divertido jogo de expectativa. Inverte (mas nem sempre) o uso de atores conhecidos e desconhecidos em seu elenco. Por isso, a identidade da líder do grupo, Athena, é escondida do espectador até a metade do filme. Antes, a protagonista só havia aparecido de costas. Então, seu rosto só é finalmente apresentado depois de um lento giro da câmera que vai até a sua frente, num flashback.

Crítica à intolerância

Acima de tudo, A Caçada critica a intolerância. Obviamente, o filme nunca defende as atitudes politicamente incorretas que o Manorgate condena. Porém, também não deixa de rechaçar a intolerância. Daí a exploração do absurdo da situação da caçada humana. Afinal, esta é uma solução igualmente inaceitável.

A visão cínica fica evidente no trecho em que os caçadores de pessoas conversam em seu abrigo. Cada membro policia o outro em relação a qualquer comentário que caracterize alguma ofensa politicamente incorreta. Essencialmente, essa cegueira dos ativistas lembra aquela da gerente que cai no trote em Obediência.

Portanto, tente assistir a A Caçada sem ver o trailer ou ler matérias que revelem spoilers. O filme surpreende e instiga uma reflexão sobre os tempos atuais onde a intolerância parece imperar.


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