Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída (filme)
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Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O filme Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída retrata com fidelidade o drama de jovens alemães viciados em drogas em Berlim. O relato se passa na segunda metade dos anos 1970, e o que vemos nas telas é chocante, pois tudo parece muito autêntico. Nesse aspecto, até o fato de o seu diretor Uli Edel ser um realizador pouco experiente – ele havia feito apenas um filme de 45 minutos em 1973 e uma ou outra produção para a TV – contribui para o resultado cru e realista.

Além disso, o elenco coloca uma atriz estreante (Natja Brunckhorst), de apenas 14 anos, no papel principal, bem como outros atores novos e até não-atores. Para completar, grande parte das filmagens acontecem nos próprios locais onde se passaram os eventos da sua trama. Aliás, o cenário degradante da Banhof Zoo reproduz o sentimento de desesperança da moçada que se drogava nos banheiros públicos e ainda se prostituía para poder comprar mais drogas.

É nessa estação de trem que acontece a cena mais forte, quando a personagem principal se injeta pela primeira vez. Como o namorado e os amigos se negam a emprestar uma seringa, pois sabem que a dependência química é inevitável, Christiane pega uma de um estranho que acaba de limpar o sangue dele da ampola. E, até esse viciado, adulto, lhe diz que ela está cometendo um grande erro.

Juventude perdida

O fator que perturba mais ainda é a idade dos viciados. Aos 13, 14 anos, a garotada embarca nesse pesadelo, do qual poucos despertam. Vera Christiane Felscherinow, a verdadeira Christiane F., conseguiu sobreviver e sua história (e de outras vítimas, algumas menos afortunadas) está no livro de Kai Hermann e Horst Rieck no qual o filme se baseia. Também do livro vem a personagem secundária Babsi (Christiane Reichelt), amiga de Christiane, que ganharia as manchetes dos jornais como a criança mais jovem morta por causa das drogas.

Dói assistir a Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída, pois acompanhamos a personagem que busca a diversão da discoteca Sound, burlando o limite de idade mínima, mas sua alegria logo despenca para uma aventura trágica. Vemos jovens caindo na prostituição, se transformando em zumbis, sentindo as dores da abstinência, tudo com uma inegável autenticidade. Até mesmo o show de David Bowie que entra no filme parece mais uma experiência desagradável, o contrário do que Christiane esperava. Após o concerto, ela se droga pela primeira vez, cheirando heroína.

O trabalho da direção

Mas a direção de Uli Edel é mesmo fraca. Por um lado, como dissemos, isso traz um tom mais realista. Por exemplo, no uso constante de transições básicas entre as cenas, na maior parte das vezes um singelo fade out. Funciona, também, o truque do tingimento do cabelo de Christiane, que se torna ruiva na época em que ela começou a se afundar nas drogas. Porém, Edel erra ao usar o efeito de slow motion para enfatizar momentos decisivos, como a primeira vez que Christiane recorre à prostituição. Isso foge da pegada mais crua do restante do filme, e beira o artificialismo. No entanto, salva o filme a escolha acertada dos episódios retratados no longa e a direção dos atores, todos muito convincentes. Aliás, Edel extraiu leite de pedra, pois a própria atriz principal, Natja Brunckhorst, acabou não firmando uma carreira consistente.

Da mesma forma, a carreira de Uli Edel nunca decolou. Até conseguiu se destacar em outro tema explosivo, o extremismo de esquerda, em O Grupo Baader Meinhof (Der Baader Meinhof Komplex, 2008), indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Mas também cometeu erros como o fraquíssimo Corpo em Evidência (Body of Evidence, 1992), película exploratória protagonizada por Madonna e Willem Dafoe. Por fim, o diretor acabou relegado a trabalhos para a televisão.

Pelo menos, Edel deixou sua marca na história do cinema com Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída. Um filme que levanta com coragem a bandeira contra as drogas, evidenciando que a dependência é química e, por isso, é uma ilusão o que os jovens personagens pensam a priori, ou seja, de que são fortes e não se viciarão.

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Ficha técnica:

Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída | Christiane F. – Wir Kinder vom Bahnhof Zoo | 1981 | 2h18 | Alemanha Ocidental | Direção: Uli Edel | Roteiro: Herman Weigel | Elenco: Natja Brunckhorst, Thomas Haustein, Eberhard Auriga, Peggy Bussieck, Lothar Chamski, Rainer Woelk, Uwe Diderich, Jan Georg Effler, Daniela Jaeger, Christiane Lechle, Christiane Reichelt, Kerstin Richter.

Onde assistir:
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