O filme egípcio Fotocópia é um leve drama sobre a terceira idade onde predominam os tons de comédia.
A trama
A vida de Mahmoud está estagnada. Aposentado, ele é dono de uma loja de fotocópias com pouquíssimo movimento. Enquanto aguarda a liberação da sua pensão mensal, ele deixa de pagar o condomínio, e é cobrado insistentemente pelo síndico. Seu vizinho, que tem uma lan house sempre lotada, quer comprar a loja de Mahmoud, mas ele não quer vendê-la.
Mahmoud se apaixona por Safeya, uma mulher que mora no prédio onde fica a loja. Safeya se sente triste, pois está abalada com o câncer que está tratando e porque seu filho único não lhe dá atenção. Aceita sair com Mahmoud, mas não consegue se divertir e repudia a proposta de casamento dele. Mas, aos poucos, afrouxa sua resistência e começa a ter mais otimismo.
Fotocópia possui a clara intenção de passar a mensagem de que a velhice deve ser desfrutada com boas vibrações. A saúde e a condição financeira podem se enfraquecer, mas o espírito de como encarar a nova situação depende de cada um. Mahmoud encarna essa falta de dinheiro e Safeya a saúde debilitada, mas durante o filme eles despertam para a vida, deixam de se preocupar tanto com os outros, ou com o que os outros pensam, e vão usufruir os anos ainda por vir.
E é uma mudança extrema. Afinal, no início do filme, Mahmoud está em uma entrevista de emprego, e não consegue responder à questão sobre como ele se vê dali a cinco anos. Sem perspectivas, sem esperanças, ele trava. Quanto a Safeya, ela sente pena de si mesma por causa do câncer – se olha no espelho com tristeza por causa da mama que teve que retirar. Perto do fim, transformada, ela consegue até dar apoio a uma jovem paciente que está prestes a realizar um exame de mamografia.
A direção
Em seu primeiro longa-metragem ficcional, o diretor Tamer Ashry conta essa estória com muitos movimentos de câmera, planos elaborados e introduzindo cenas inusitadas como o sonho de Mahmoud com dinossauros e a dança de Safeya. Consegue induzir o espectador, até mesmo brincando com ele. O público pensa que o protagonista está atrás do homem que fez o letreiro da sua loja, que um pintor de parede mancha sem querer, apenas para consertar o estrago. Mas não, ele quer fazer uma faixa para surpreender sua amada.
A obsessão de Mahmoud com a teoria de que os dinossauros foram extintos porque não se adaptaram às novas condições climáticas é uma metáfora evidente para a situação dele atual. Essa ideia o impulsiona às mudanças, passando a se adaptar às inovações tecnológicas, à situação financeira mais apertada e ao amor, que ele nunca valorizou.
Os momentos tristes de Fotocópia beiram o melodramático, mas o tom predominante do filme é de uma comédia leve. É um filme super simpático sobre a terceira idade.
Ficha técnica:
Fotocópia (Photocopy, 2017) Egito. 90 min. Dir: Tamer Ashry. Rot: Haitham Dabbour. Elenco: Mahmoud Hemida, Sherine Reda, Farah Youssef, Bayyumi Fuad, Ahmed Dash, Aida Elkashef.