Terceiro filme da franquia, Fuga do Planeta dos Macacos (Escape from the Planet of the Apes) logo revela sua solução para a destruição total do final do filme anterior. Nele, uma bomba atômica acaba com aquela Terra do futuro dominada por macacos. Como, então, poderia existir uma sequência? Pois bem, a solução encontrada não é das mais convincentes. Segundo ela, antes da explosão, alguns chimpanzés conseguiram consertar uma das naves dos astronautas humanos e partiram na jornada de volta que eles fariam. Ou seja, precisamos relevar que os macacos teriam condições de realizar tal proeza (eles não estavam no mesmo estágio de evolução tecnológica dos terráqueos de 1973). Mas, uma vez superado esse dilema, o filme funciona.
A trilha musical de Jerry Goldsmith (o mesmo do primeiro filme) está mais presente. Dessa forma, enfatiza o tom divertido de Fuga do Planeta dos Macacos. Na trama, a situação se inverte. Agora os chimpanzés falantes, Zira (Kim Hunter novamente) e Cornelius (a bem-vinda volta de Roddy McDowall ao papel), é que são alvo de curiosidade de todos. No início, tal como aconteceu com Taylor no filme original, eles são presos em jaulas num laboratório. E, ainda repetindo o enredo prévio, um psiquiatra e sua colega tentam protegê-los. Enquanto isso, um cientista quer eliminá-los para evitar o futuro catastrófico que Zira lhe revela.
Desta vez, o espectador não tem a chance de se deslumbrar com o mundo dos macacos. Quem se deslumbra, na verdade, é Zira e Cornelius, diante desse mundo moderno, principalmente nas engraçadas cenas no hotel de luxo no final da Rodeo Drive em Los Angeles (o mesmo hotel de Uma Linda Mulher [Pretty Woman, 1980]).
Em ritmo acelerado
Mas os realizadores, conscientes que esse aspecto humorístico não é suficiente para agradar ao público da franquia, recheiam o filme com várias cenas de ação. A movimentação é constante desde o início. Repare que até os veículos estão sempre andando a toda velocidade. Decerto, é uma característica que o diretor Don Taylor traz, acostumado a produções para a televisão que necessitam desse ritmo para manter a atenção do telespectador. No entanto, o filme acelera ainda mais a partir do instante em que Zira e Cornelius se tornam fugitivos do governo americano.
Aliás, essa ânsia por aceleração acaba precipitando a conclusão, que acontece em um navio abandonado. Encurta a perseguição e encerra o conflito com pressa. Com isso, desperdiça o potencial dramático desse desfecho, que deveria aproveitar melhor a empatia que os espectadores desenvolveram pelo casal de macacos protagonistas.
Por outro lado, os fãs de ficção científica ficarão satisfeitos com aquele momento de rara calmaria durante o qual o cientista explica sua teoria sobre viagem no tempo. Nesse ponto, antecipa o conceito de universos paralelos, ou multiversos, tão populares nos filmes e séries de hoje.
Por fim, vale dizer ainda que a conclusão aponta para uma nova sequência. Ademais, a cena final com o bebê chimpanzé gritando “Mama” com a tela preta dá o toque certeiro que evoca apropriadamente esperança e ameaça.
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Ficha técnica:
Fuga do Planeta dos Macacos | Escape from the Planet of the Apes | 1971 | 98 min | EUA | Direção: Don Taylor | Roteiro: Paul Dehn | Elenco: Roddy McDowall, Kim Hunter, Bradford Dillman, Natalie Trundy, Eric Braeden, William Windom, Sal Mineo, Albert Salmi, Ricardo Montalban.
Distribuição: Twentieth Century Fox.