As filmagens de Hellraiser II: Renascido das Trevas (Hellbound: Hellraiser II) começaram rapidamente após a surpreendente boa recepção de Hellraiser (1987). Mas o autor Clive Barker já estava envolvido em outro projeto, o seu próximo filme Raças das Trevas (Nightbreed, 1990). Por isso, não pôde assumir a direção e o roteiro como antes. Assim, o novo filme foi escrito por Peter Atkins, pessoa de confiança de Barker. E a direção caiu nas mãos do estreante Tony Randel. No final, mesmo sem a contribuição direta de Barker, o resultado é satisfatório. E essa é a única sequência que merece ser vista dessa franquia que perdeu o rumo e alcançou a marca de dez filmes. Em 2022, sai uma refilmagem que promete fazer jus à obra de Clive Barker.
A trama de Hellraiser II: Renascido das Trevas, pelo menos, está fortemente ligada ao primeiro filme. Pouco depois dos eventos anteriores, que o prólogo repete para relembrar o público, encontramos a sobrevivente Kirsty (Ashley Laurence) em uma instituição psiquiátrica. O roteiro despacha, meio sem jeito, a participação de seu namorado nessa sequência. Surge um novo vilão, na figura de Channard (Kenneth Cranham), o diretor do manicômio. Em sua casa, ele se prepara para invocar os poderes sobrenaturais a serem libertados pelos cubos de quebra-cabeças, com a ajuda de uma jovem interna chamada Tiffany (Imogen Boorman). Depois que ele traz Julia (Clare Higgins) de volta do inferno, Kirsty tentará frustrar os planos de Channard.
Seu prazer é o gore?
A história já não tem a originalidade do primeiro filme, e aposta na capacidade de a protagonista Kirsty conquistar o público na sua luta contra o sobrenatural. E, ainda, em seu empenho para salvar a inocente Tiffany. Funciona até certo ponto, mas a trama fica viajante demais quando entram em cena todos os cenobitas originais, mais Channard, Julia e Frank transformados. No entanto, sem um orçamento suficiente para suportar essa grandiloquência, os efeitos visuais não dão conta de criar o enorme quebra-cabeças em formato triangular sobre um corredor num ambiente de pesadelo.
O que ainda possui força, e aqui está mais intenso, é o horror dos seres do além, como a versão sem pele de Julia e outros personagens que foram sugados para o inferno. Aliás, causa impacto a cena em que Tiffany segura a mão de Julia para não cair no precipício e a pele que ela coletou de suas vítimas se solta. As violências estão mais gráficas, como os pregos que entram na cabeça do Pinhead ou a broca que perfura o cérebro de Channard.
Em suma, Hellraiser II: Renascido das Trevas tenta compensar a história mais fraca com uma dose cavalar de gore. Nem todos os efeitos imaginados ganharam uma materialização convincente, mas ainda assim é uma sequência digna.
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Ficha técnica:
Hellraiser II: Renascido das Trevas | Hellbound: Hellraiser II | 1988 | 97 min | Reino Unido | Direção: Tony Randel | Roteiro: Peter Atkins | Elenco: Doug Bradley, Ashley Laurence, Clare Higgins, Kenneth Cranham, Imogen Boorman, Sean Chapman, William Hope, Barbie Wilde.