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Poster do filme "Here"
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Here

Avaliação:
7,5/10

7,5/10

Crítica | Ficha técnica

Nesses tempos conflituosos, o cinema de Bas Devos significa um respiro de paz. Em Trópico Fantasma (2019), seu filme anterior, o diretor belga acompanha a jornada de uma mulher que caminha para casa à noite. E, diferente do que costumamos encontrar nos filmes contemporâneos, e na prática mesmo, as pessoas a ajudam, exercendo uma civilidade espontânea. Seu novo longa, Here, concentra-se no individual, ao invés do coletivo. Mas, os dois protagonistas possuem esses comportamentos positivos em relação aos próximos.

Um deles é Stefan, um imigrante romeno que trabalha como operário numa obra em Bruxelas. Quando começam as férias, ele se prepara para retornar para seu país natal, sem saber se voltará. Shuxiu, a outra personagem principal, é professora universitária especializada em briologia que está pesquisando sobre musgos. Enquanto isso, trabalha no pequeno restaurante chinês da sua tia. Numa noite chuvosa, Stefan entra no estabelecimento para comprar comida para levar. Mas, conhece Shuxiu e resolve comer lá mesmo. Num outro dia, por acaso, os dois se encontram em um bosque.   

O filme é um provável romance. Provável, porque apresenta o que pode se transformar em um romance. O porvir permanece em suspenso com o final aberto, como em Trópico Fantasma. Esse desfecho, deve-se apontar, possui uma singeleza encantadora. Traduz a relação de Shuxiu com a natureza, em suas pesquisas que não podem ser apressadas, pois devem respeitar o tempo que as plantas necessitam. E não há por que acelerar o processo, pois a beleza já está presente desde o início, e não apenas no resultado. Isso, então, reverbera no mágico sentimento do brotar de um amor, como a conclusão sugere com a expressão feliz no rosto de Shuxiu.

O cinema da harmonia

Here, adequadamente, também não tem pressa. Passa um sexto da sua duração apresentando Stefan, no processo de preparação para sua viagem, que envolve esvaziar a geladeira (o que resulta em uma bela sopa que ele distribui para as pessoas conhecidas), se despedir da irmã, e consertar o seu carro. No tempo que sobra, ele anda a esmo.

Quando Shuxiu entra na história, Bas Devos emprega o recurso da narração em primeira pessoa. O ritmo fica anda mais lento, com muitos planos de plantas, somente com o som ambiente, sem trilha musical. É, assim, que Devos coloca a chave da contemplação da natureza, decorrente da essência dessa personagem. Em alguns momentos, Here lembra o cinema do tailandês Apichatpong Weerasethakul. Parece que o filme entrará no fantástico, como quando uma luz verde brilha de dentro das mãos de Stefan. Mas, aqui é a natureza terrena que possui magia – mesmo sem revelar, é evidente que a luz vem de um vagalume.

Além da relação com a natureza, Here reforça o convívio harmonioso entre as pessoas. Stefan divide o sopão que preparou, não só com a irmã, mas também com terceiros que nem são próximos a ele, como o mecânico, que logo esquenta a refeição e todos a saboreiam juntos. Da mesma forma, Shuxiu se preocupa com o entregador que passa no restaurante e parte debaixo de uma forte chuva.

Esse parece ser o cinema de Bas Devos. Filmes sem pressa, sem barulho, sem agressões, nos quais se sobressaem a intropatia, a harmonia o respeito.

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Ficha técnica:

Here | 2023 | 82 min | Bélgica | Direção: Bas Devos | Roteiro: Bas Devos | Elenco: Stefan Gota, Liyo Gong, Teodor Corban.

Distribuição: Zeta Filmes.

Onde assistir:
Cena do filme "Here"
Cena do filme "Here"
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