Poster do filme "Highlander"
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Highlander – O Guerreiro Imortal

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Após construir carreira sólida na direção de videoclipes, o australiano Russell Mulcahy despontou no cinema com um estilo visual arrojado em seu segundo longa, O Corte da Navalha (Razorback, 1984), filme de terror B sobre um javali assassino atacando no outback. Foi o suficiente para que ele estreasse no mercado norte-americano, na coprodução com o Reino Unido chamada Highlander – O Guerreiro Imortal. Com Sean Connery como coadjuvante e trilha musical do Queen, essa história de fantasia obteve sucesso de bilheteria e gerou uma continuação, Highlander 2: A Ressurreição (1991), também dirigida por Mulcahy mas bem inferior ao original. Outras sequências seguiriam, já sem esse diretor, que acabou perdendo a mão e deixando o seu estilo de lado. Continua na ativa, porém, sem realizar nada de destaque.

Highlander começa nos dias atuais, em Nova York. Num longo trecho praticamente sem diálogos, Connor MacLeod (Christopher Lambert) trava um repentino duelo de espadas no estacionamento do Madison Square Garden. A sequência possui vários movimentos de câmera que acompanham os guerreiros, o que se repetirá muitas vezes nas cenas de ação do filme. Após a famosa transição em movimento vertical para cima que inicia a sequência seguinte com a câmera emergindo da água, o filme passa a alternar registros de hoje com do passado. Aos poucos, a trama explica como esse MacLeod de Nova York já viveu na Escócia na Idade Média.

O mote principal do filme reside na existência de guerreiros imortais que atravessam gerações. Nas Highlands, MacLeod acaba de descobrir que possui esse poder. E Ramirez (Sean Connery), um guerreiro imortal veterano, será o seu mentor. Mas, o violento Kurgan (Clancy Brown) quer destruí-los para ser o único imortal.

Direção com estilo

Com provável intenção de ser um diretor autoral, Mulcahy capricha no visual e na movimentação da câmera. Coloca Sean Connery e Christopher Lambert em cima de uma rocha perigosamente alta, construindo assim um momento de tirar o fôlego. Por outro lado, movimenta a câmera muito rente ao solo, aproximando-se ou se afastando de guerreiros em luta posicionados à frente de uma enorme parede de vidros sustentados por grades de ferro, no confronto final. Esse trecho, da mesma forma, desperta a atenção por primeiro acontecer em torno de um letreiro de neon acima de um prédio. Em muitos momentos, o diretor faz uso de um objeto (ou um rosto) muito próximo da câmera enquanto a ação rola no fundo, causando também um belo impacto visual.

Por outro lado, as cenas de lutas não são tão empolgantes como poderiam ser. Mulcahy utiliza planos razoavelmente longos, mas a coreografia do combate é pouco inventiva e ainda encenada em velocidade lenta demais.

A trilha musical do Queen

As canções que o Queen compôs e gravou para Highlander formaram a base para seu álbum “Some Kind of Magic” (1986). No filme, muitas delas soam fortes demais para uma trilha musical, e tiram a atenção do público em relação ao que se passa na tela. A ótima exceção é “Who Wants to Live Forever”, que se encaixa perfeitamente porque entra como fundo de uma montagem. Especificamente, o trecho mostra o romance entre MacLeod e Heather (Beatie Edney) na Escócia, através dos anos. Um momento emocionante, pois a imortalidade faz o amor da vida do guerreiro parecer curto demais.

“One Year of Love”, outra canção do Queen para Highlander, está perfeitamente conectada com a trama do filme. Porém, ganhou também um significado maior para a banda, pois Fred Mercury seria diagnosticado com AIDS em agosto de 1987. Desde então, a letra dessa música ficou marcada como a representação do triste destino do cantor, que morreu cedo, mas amou bastante.

Voltando a Highlander, tirando a ressalva das lutas não tão bem encenadas, bem como alguns efeitos especiais datados (como o duelo entre Ramirez e Kurgan em uma casa de pedras visivelmente feitas de isopor) e uma dublagem estranha das falas de Christopher Lambert (provavelmente porque seu inglês ainda não era suficientemente bom), o filme é um belo esforço estilístico de um diretor que sabia lidar com esse conceito mais visual (daí sua carreira na direção de videoclipes), mas que posteriormente não conseguiria mais repetir e muito menos aprimorar seu cinema que poderia ter sido autoral.

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Ficha técnica:

Highlander – O Guerreiro Imortal | Highlander | 1986 | 116 min. | Reino Unido, EUA | Direção: Russell Mulcahy | Roteiro: Gregory Widen, Peter Bellwood, Larry Ferguson | Elenco: Christopher Lambert, Sean Connery, Clancy Brown, Roxanne Hart, Beatie Edney, Alan North, Sheila Gish, Jon Polito.

Onde assistir:
Sean Connery e Christopher Lambert em "Highlander"
Sean Connery e Christopher Lambert em "Highlander"
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