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Imperdoável (filme)
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Imperdoável

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Imperdoável (The Unforgivable, 2021) é um drama que visa manter a atenção do público com cenas de ação. O longa adapta a minissérie britânica Unforgiven (2015), de Sally Wainwright.

A diretora do filme, a alemã Nora Fingscheidt, volta a lidar com uma personagem central que enfrenta os pré-julgamentos das pessoas. Fizera isso em seu filme anterior, Transtorno Explosivo (Systemsprenger, 2019), que fala sobre uma criança com surtos agressivos. Desta vez, o foco cai sobre Ruth (Sandra Bullock), que passou vinte anos na prisão por matar um policial. Ainda que tenha cumprido a pena, ela vê sua liberdade condicional ameaçada, pois a sociedade não está disposta a perdoá-la. Isso reflete um sentimento tipicamente estadunidense, que considera que assassinar um policial é muito mais grave que assassinar um cidadão comum.

Assim, o primeiro terço do filme acompanha o duro retorno de Ruth à vida civil. A trama faz questão de pontuar que a moradia dela se equipara a uma prisão. Mas, isso representa apenas uma pequena parte de suas dificuldades. Pior ainda é que sua mancha de “cop killer” fecha as portas para oportunidades de trabalho e ressocialização. Além disso, a coloca à mercê de constante vigilância de policiais, agressões de pessoas ao seu redor, e até um perigo real. Este último, por conta dos filhos do xerife morto no crime pelo qual ela foi condenada. São esses sujeitos que conduzem a parcela de ação em Imperdoável.

Cenas paralelas

Em paralelo, desde o prólogo, acompanhamos a vida da irmã mais nova de Ruth. Katherine (Aisling Franciosi) tinha cinco anos quando o crime aconteceu. Então, quando Ruth foi para a prisão, a menina foi adotada, e as duas nunca mais se viram. A ligação entre elas era como de mãe e filha, pois eram órfãs. Por isso, a maior motivação de Ruth sempre foi reencontrá-la.

Além disso, flashes do passado surgem reiteradamente no enredo. Aos poucos, remontam os fatos do crime, até eclodir numa confissão dolorosa de Ruth, no clímax dramático do filme que encerra seu segundo terço. Aliás, esse recurso do quebra-cabeças de memórias repete o que Nora Fingscheidt utilizara em seu filme anterior.

A partir daí, os momentos de ação, antes inseridos em doses calculadas – no acidente de Katherine, na agressão a Ruth, na briga entre os irmãos – agora assumem a frente da narrativa. Desta forma, justificam a subtrama dos rapazes que querem vingar a morte do pai.

Mocinhos e bandidos

Há outra chave que a trama trabalha, que é a separação entre “mocinhos e bandidos”. Até revelar a verdade sobre o crime, o filme conduz o espectador (especialmente o americano) a também condenar a mulher que matou um xerife pai de família. Nesse sentido, Sandra Bullock contribui mantendo uma expressão fechada, que explode agressivamente diante de uma decepção. Enquanto isso, um dos irmãos resiste em buscar a retaliação.

Contudo, acontece uma reviravolta nesses papeis, quando a trama revela o heroísmo de Ruth. Então, o público perdoa Ruth, ao mesmo tempo que passa a condenar o filho que sucumbe à sede de vingança e quer descontar na irmã da protagonista. Daí vem a constatação de que Imperdoável investe na ação, apesar de ser essencialmente um filme dramático. Afinal, a conclusão mergulha na luta da personagem principal para salvar a vida da jovem que foi sequestrada.

Seattle e Sandra Bullock

Imperdoável se passa no frio congelante de Seattle, durante os dois terços da trama, que são os mais soturnos. O sol surge, coerentemente, na parte final, quando a ação predomina. Porém, mais importante que o cenário e a fotografia, merece louvor a atuação de Sandra Bullock. A atriz se distancia do glamour e da vaidade para construir uma personagem endurecida pelos vinte anos na prisão. E, se destaca em duas cenas em particular. Numa delas, ela segura o choro após ser dispensada pelo colega com quem estava se envolvendo sentimentalmente. A outra cena é o pico dramático em que ela revela a verdade sobre o crime, numa composição impressionante de grito e expressões faciais e corporais.

Imperdoável nem precisava de suas cenas de ação, pois o drama da sua protagonista já possui força suficiente para ganhar o espectador. Talvez não investisse nelas se a diretora Nora Fingscheidt rodasse o filme em seu país natal, a Alemanha. Mas, esta coprodução prefere não ser um drama muito pesado.


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