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Instinto

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

A atriz Halina Reijn estreia na direção com o filme Instinto, se destacando a tal ponto que o longa foi escolhido para representar os Países Baixos na disputa do Oscar. O tema em si chama a atenção, pois trata de uma psiquiatra numa estranha relação de manipulação com um condenado por extrema violência sexual. Mas a direção de Reijn possui alguns problemas.

A psiquiatra Nicoline (Carice van Houten) inicia um novo trabalho numa clínica, onde será a responsável pelo paciente Idris (Marwan Kenzari). Ele deve receber liberdade parcial em breve, mas Nicoline é contra, pois acredita que ele ainda não está pronto. Segundo sua avaliação, Idris possui uma capacidade extraordinária de manipular as pessoas. Na opinião dela, ele convenceu os outros médicos a pensarem que ele mudou e não oferece mais nenhum perigo.  

Ciente disso, Nicoline mantém uma atitude rígida, impedindo que ele se aproxime dela através de frases aparentemente inofensivas, mas que fazem parte do seu jogo de dominação. A posição de controle da médica lhe dá a impressão de que seu paciente deve obedecê-la, porém, logo ela descobre que caiu no estratagema dele – ao ver que a estagiária também fisgou a mesma isca (especificamente, as duas vão checar o suposto filho dele que trabalha num fast food). Já dominada, Nicoline pode se tornar mais uma das vítimas desse estuprador manipulador.

Jogo de dominação

O filme mantém a perspectiva da psiquiatra, a fim de que o público também caia no jogo do estuprador. Essa devia ser a intenção, porém, isso não funciona dessa forma. A diretora Halina Reijn falha em aproximar o espectador da protagonista. Primeiro, por cometer alguns erros nos detalhes – como cortar a cena no tempo errado após a discussão entre Nicoline e Idris: a cena devia terminar quando ela vira as costas e sai andando, mas um plano adicional mostra a reação de Idris, algo que a protagonista não vê.

Além disso, e mais importante, o filme constrói uma imagem dúbia sobre Nicoline. Ela não é mostrada como simplesmente mais uma vítima do poder de manipulação do estuprador. Alguns comportamentos estranhos plantam incertezas acerca da sanidade dela. Em sua vida privada, a mãe dela parece ter atitudes estranhas, como dormir de conchinha com a filha e tentar acariciar as nádegas dela, fazendo Nicoline se afastar rapidamente. Ademais, a protagonista se porta de forma muito bizarra ao fazer sexo com um colega da clínica. Aliás, esse início de relacionamento com ele é bem esquisito, e o pretendente logo desiste dela.

Instinto fica prejudicado com as dúvidas em relação à protagonista. A intenção de enriquecer a personagem com mais de uma faceta, desta vez, não funciona bem. Fosse ela uma vítima que cai nas tramoias do vilão, o filme apresentaria mais suspense. A cena do estupro, bem dirigida por Reijn, ganharia contornos ainda mais angustiantes se Nicoline se portasse como uma indefesa presa que, até então, acreditava estar no controle da situação devido a sua formação. A vingança final, inclusive, representaria uma volta por cima triunfante da caça que se torna caçador.

Instinto, assim, erra ao inserir uma camada adicional de profundidade numa trama que já estava suficientemente eficiente.

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Instinto (Instinct, 2019) Holanda. 108 min. Direção: Halina Reijn. Roteiro: Esther Gerritsen. Elenco: Carice van Houten, Marwan Kenzari, Marie-Mae van Zuilen,  Pieter Embrechts, Ariane Schluter.

Distribuição: A2 Filmes

Trailer:

Onde assistir:
Cena do filme "Instinto"
Cena do filme "Instinto"
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