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Jardins de Pedra (filme)
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Jardins de Pedra

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Francis Ford Coppola nos levou para dentro do inferno da Guerra do Vietnã no filme Apocalipse Now. Em Jardins de Pedra, o diretor mostra a agonia de quem permanecia nos quarteis.

Depois de combater na Guerra da Coreia, e voltar condecorado, o sargento Clell Hazard (James Caan) agora se encontra estagnado no Fort Meyer treinando soldados para cerimoniais. Chega ao quartel o jovem Jackie Willow (D. B. Sweeney), filho de um companheiro de combate, que deseja ir para o front da Guerra do Vietnã. Clell enxerga no rapaz sua oportunidade de salvar pelo menos uma vida, preparando-o sobrevier no campo de batalha.

Drama humano

Apesar da história de Jardins de Pedra se desenrolar em torno da guerra, Francis Ford Coppola deixa a ação de lado para se concentrar no drama humano. Conhecemos a fundo os dois personagens principais, Clell e Jackie.

O sargento possui opiniões fortes contra essa guerra, é chamado de “o único militar pacifista do mundo”, mas cumpre suas funções profissionalmente. O seu lado sentimental não é ignorado. A sua esposa pediu divórcio e ele agora não consegue estar perto do filho. Tenta seguir em frente com uma nova namorada, interpretada por Anjelica Huston.

Jackie herdou do pai a vontade de seguir a carreira militar. Alistou-se voluntariamente, mas é mais ambicioso, deseja atingir altas patentes. A vida em caserna atrapalha sua vida amorosa. Sua namorada Rachel, vivida por Mary Stuart Masterson, é filha de um coronel (Peter Masterson, pai da atriz na vida real), que não aceita que sua filha se case com um filho de militar com patente inferior. Isso explica sua ânsia em subir na carreira.

Clell se casará com Rachel logo após ser promovido a tenente, e a cerimônia ganha destaque no filme, repetindo o que Coppola filmou em O Poderoso Chefão. O casamento consolida a ascensão de Clell entre os militares, obrigando o seu agora sogro a aceitar a união. Em Jardins de Pedra, o protagonista trabalha a relação de poder dentro do exército, enquanto em O Poderoso Chefão a relação era dentro da máfia.

Soldado como indivíduo

Jardins de Pedra valoriza o soldado como indivíduo. Desde o início, sabemos que Jackie Willow morrerá, pois acompanhamos seu enterro e ouvimos sua narração – que não é a voz de um morto como em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, mas a voz dele lendo a carta que enviou para Clell. No meio de uma quantidade imensa de lápides, que formam os jardins de pedra do título, o filme ressalta que é essencial individualizar cada soldado ali enterrado. Os soldados do cerimonial não dão importância e são repreendidos por Wildman (Casey Siemaszko) que era um desajeitado praça em treinamento e que retornou do combate no Vietnã como herói.

Francis Ford Coppola ainda revela a relação paternal entre o sargento Clell Hazard e Jackie Willow. O próprio pai do rapaz havia pedido ao antigo amigo uma atenção especial ao filho, e assim ele obedeceu procurando prepará-lo como homem e soldado. Pode-se estender essa relação à vida real de Coppola, que assim agiu com George Lucas, o criador da saga Star Wars. Foi Coppola que preparou Lucas para ser um cineasta, ensinando-lhe os passos para sobreviver na indústria do entretenimento. E Lucas se deu bem melhor que Willow.

Jardins de Pedra foi comparado a outros filmes contemporâneos sobre a guerra, como Platoon, de Oliver Stone, e Nascido Para Matar, de Stanley Kubrick, e foi um fracasso de crítica e público. Hoje, revendo o filme fica claro que o filme de Coppola possuía outra intenção, bem mais humanista, de trabalhar os conflitos pessoais de seus personagens e não os colocar em combate. Com isso esclarecido, Jardins de Pedra é um drama de guerra que merece ser visto ou revisto.

 

Jardins de Pedra (filme)
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