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Joias Brutas (filme)
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Joias Brutas

Avaliação:
8.5/10

8.5/10

Crítica | Ficha técnica

Não encontra nada surpreendente na Netflix? Então, conheça esta produção da A24. Joias Brutas (Uncut Gems) é daqueles filmes que parecem se desenrolar em uma arrancada só, sem sequer uma pausa para retomar o ar. E olha que ele tem mais de duas horas de duração! Parece até uma mistura, que deu certo, de Os Bons Companheiros (Goodfellas, 1990) com O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street, 2013), ambos de Martin Scorsese. Do primeiro, temos o protagonista envolvido em negócios com pessoas perigosas. Aqui não é a máfia, mas agiotas com cobradores violentos. Do outro, mais recente, temos a ganância, o vício pelas apostas; neste, em jogos esportivos, naquele, no mercado financeiro. Além disso, o ritmo frenético marca essas três produções.

Um joalheiro endividado

Em Joias Brutas, temos Adam Sandler num papel atípico como protagonista de um pesado drama. Ele é Howard Ratner, um joalheiro de peças raras com clientela de famosos. Mas, ele é viciado em apostas, e, como acontece com todo jogador compulsivo, deve muito dinheiro a muita gente. O maior dos credores é seu parente, Arno (Eric Bogosian), que contrata dois capangas, violentos e armados, para cobrar Howard. O mais agressivo deles parece até uma reencarnação do personagem de Joe Pesci naquele filme de Scorsese de 1990.

Howard acredita que pode virar a atual má fase com uma rara rocha incrustrada de opalas, que ele consegue a muito custo comprar direto dos mineradores na Etiópia. Ele programou de vendê-la em um leilão, com estimativa de conseguir mais de um milhão de dólares por ela. Porém, ele empresta a rocha ao famoso jogador da NBA Kevin Garnett, ou KG (interpretado por ele mesmo) e enfrenta dificuldades para que ele a devolva. Enquanto isso, seus credores o atormentam, principalmente os dois cobradores de Arno. Mas, a situação só piora porque, sempre que ele consegue algum dinheiro, logo arrisca em novas apostas.

Materialismo destrutivo

O ritmo de Joias Brutas é genuinamente acelerado porque acompanha os passos do protagonista. Howard conhece todos os esquemas que tem à sua disposição para levantar alguma grana, mesmo que apenas provisoriamente junto a agiotas. E, ele faz uso de todos eles. Seu métier ainda o leva ao meio das celebridades, das baladas regadas a muito luxo. Aliás, esse ambiente é o cenário emblemático desse materialismo absurdo no qual o dinheiro só serve para comprar coisas cada vez mais fúteis. Os dois apartamentos de alto padrão de Howard ilustram bem esse ideal. Quanto mais esses personagens sobem, mais imbecis parecem se tornar.

Os diretores, os irmãos Benny Safdie e Josh Safdie, repetem em Joias Brutas a ideia da efemeridade da existência humana. Em Amor, Drogas e Nova York (Heaven Knows What, 2014), eles levaram para as telas a crueza devastadora do vício nas drogas. Agora, em Joias Brutas, o vício está nos jogos, ou seja, nas apostas do protagonista que arruínam a sua vida profissional e pessoal.

A representação da busca insensata da fortuna pela fortuna surge na abertura e no fechamento do filme, como um ciclo viciante. No início, os mineradores etíopes arriscam suas vidas para contrabandear a rocha com opalas, e os Safdie criam a imagem de um zoom que penetra dentro da pedra, chegando até o vídeo da colonoscopia de Howard. Essa joia representará a obsessão do personagem durante todo o filme, até o outro zoom que fecha a história, desta vez entrando pelo furo de bala que decreta que tudo foi em vão.

Por fim, fica claro para nós, espectadores, que acabamos de assistir a uma obra (aproveitando o tema) brilhante.

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Ficha técnica:

Joias Brutas | Uncut Gems | 2019 | EUA | 135 min | Direção: Benny Safdie, Josh Safdie | Roteiro: Ronald Bronstein, Benny Safdie, Josh Safdie | Elenco: Adam Sandler, Keith Williams Richards, Julia Fox, Idina Menzel, Eric Bogosian, Tommy Kominik, LaKeith Stanfield, Maksud Agadjani, Kevin Garnett, Judd Hirsch.

Onde assistir "Joias Brutas":
Joias Brutas (filme)
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