Pouca emoção em “Joy: O Nome do Sucesso”
Somente uma cena de “Joy: O Nome do Sucesso” consegue se classificar como acima da média. O restante se mantém em temperatura de banho-maria, diferente do que os quatro principais talentos do filme conseguiram no ultra-simpático “O Lado Bom da Vida” (Silver Linings Playbook, 2012). Estamos falando do diretor e roteirista David O. Russell e dos atores Jennifer Lawrence, Bradley Cooper e Robert de Niro.
A história se concentra em Joy (Jennifer Lawrence), uma mulher que sempre teve grandes ideias desde criança, quando inventava brinquedos feitos de papel, até crescer e criar produtos comercializáveis. Um deles, um esfregão que limpa com eficiência e pode ser facilmente higienizado, serve de incentivo para mergulhar no empreendedorismo.
Logo, consegue um empréstimo inicial da namorada de seu pai, vividos por Isabella Rossellini e Robert de Niro, respectivamente, e começa a produção. Como canal de vendas, usa o programa de vendas pela TV, muito famoso na época, a década de 1970, produzido por Neil Walker (Bradley Cooper). Na primeira aparição, onde o produto foi apresentado por um ator do programa, os resultados são pífios. Inconformada, a insistente Joy não aceita o fracasso e encarna ela própria o papel de vendedora televisiva. E essa sequência é emocionante – pena que a única do filme.
A vida de Joy e sua família sempre foi dura, com poucos recursos. Apesar dos bons resultados nas vendas pela TV, nada vem fácil para Joy e ela precisa desafiar o fornecedor das matérias primas de seu esfregão, para que consiga entregar a cota de pedidos reunida no programa. Desestimulada pelos advogados, bola assim mesmo uma estratégia arriscada para colocar o chefão da empresa fornecedora contra a parede.
Elenco e direção
Jennifer Lawrence concorreu ao Oscar de melhor atriz por “Joy: O Nome do Sucesso”, mas tinha poucas chances de vencer. Não por sua interpretação, já que ela consegue emocionar naquela melhor cena do filme, mas o problema é que “Joy: O Nome do Sucesso” não é um grande filme. E isso embora o diretor David O. Russell tente sair do lugar comum ao colocar um narrador que se ausenta fisicamente no meio da história e ao usar a câmera em movimentos interessantes, como no final, quando viaja pelos personagens acompanhando o que o narrador conta.
Russell criou também alguns interessantes personagens secundários. Robert de Niro, o pai de Joy, foge dos estereótipos que sua prolifica carreira recente tem insistido. Isabella Rossellini faz um raro papel de antipática como a namorada do pai de Joy. Por fim, a mãe dela, vivida por Virginia Madsen, retrata a triste realidade daquelas pessoas que resumem a sua vida a assistir TV o dia todo.
Já Bradley Cooper está desperdiçado no pequeno papel do produtor de TV. Quem curtiu a dupla Lawrence e Cooper de “O Lado Bom da Vida” se sentirá desapontado pela quase ausência de interação entre os dois astros.
“Joy: O Nome do Sucesso” não é um grande filme, mas consegue emocionar na cena em que a protagonista aparece no programa de vendas da TV. A cena consegue esse efeito porque toca no âmago de todo empreendedor: não desistir nunca, nem no primeiro, nem no segundo, nem no terceiro fracasso.
Ficha técnica:
Joy: O Nome do Sucesso (Joy, 2015) 124 min. Dir/Rot: David O. Russell. Com Jennifer Lawrence, Robert de Niro, Bradley Cooper, Edgar Ramirez, Diane Ladd, Virginia Madsen, Isabella Rossellini, Dascha Polanco, Elisabeth Rohm, Susan Lucci, Laura Wright, Maurice Bernard, Donna Mills, Drena de Niro, Isabella Crovetti-Camp.
Assista: David O. Russell e Jennifer Lawrence falam sobre Joy: O Nome do Sucesso