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Tremble All You Want (filme)
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Tremble All You Want

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Tremble All You Want é uma comédia dramática romântica que quebra os padrões do cinema tradicional.

A trama

A jovem Yoshika mantém há dez anos uma paixão platônica por Ichi (“um”), seu ex-colega de escola com quem quase nunca conversou. Enquanto ela fantasia a concretização desse improvável amor, ela é paquerada pelo desajeitado Ni (“dois”), que trabalha na mesma empresa que ela. Quando ela engendra um reencontro da turma da escola para finalmente se conectar com Ichi, a inexperiente e virgem Yoshika sofrerá uma contundente decepção.

A diretora e roteirista Akiko Ohku ousa em Tremble All You Want. Na verdade, a trama não foge da convencional rom-com (comédia romântica), o diferencial está no estilo da direção.

O prólogo é um monólogo onde a protagonista Yoshika entrega um breve resumo da estória. Ela contracena com uma garçonete com roupa de boneca e cabelos artificialmente loiros.

Primeira parte

Em seguida, na primeira parte do filme, acompanhamos Yoshika falando muito. E, não só com a amiga do trabalho, mas com estranhos que ela recorrentemente encontra no trajeto diário entre sua casa e o trabalho. Ela narra o que sente no momento, animada com a esperança de concretizar a paixão juvenil. Para isso, alguns recursos visuais ajudam a caracterizar o pensamento de Yoshioka. Por exemplo, quando ela vê Tóquio do alto à noite e imagina as luzes formando a figura do seu amado Ishi.

O filme pinta Yoshika como uma pessoa desmiolada, por causa da fixação em Ishi. Além de falar muito, ela acha que desenvolveu a capacidade de visão lateral, podendo enxergar o que se encontra ao lado dela, sem mover os olhos. Além disso, vive sozinha e costuma pesquisar na internet sobre animais extintos. Nesse sentido, desenvolve um interesse especial por amonites. São conchas que assumem a forma espiral para se proteger, e acabam morrendo por causa disso. Ela até compra um fóssil de amonite na internet.

Amélie Poulain

Por um lado, essa personalidade ingênua e fantasiosa de Yoshioka, se aproxima da protagonista de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001). Porém, Tremble All You Want não consegue imprimir aquele tom agradável desse filme francês de Jean-Pierre Jeunet. Alguns fatores contribuem para isso. Por exemplo, Akiko Ohku escolheu uma trilha sonora horrível, até mesmo irritante, para os momentos em que Yoshioka conversa com quem encontra por aí. Na lanchonete, no ônibus, na beira do rio, na catraca do metrô, a protagonista fala com as pessoas enquanto escutamos uma música com percussão ao fundo. Dessa forma, marca a estranheza desses momentos. E que são justificados quando ela percebe que não aconteceram de fato. Ou seja, essas conversas eram fruto de sua imaginação.

Além disso, Akiko Ohku utiliza cores esmaecidas em Tremble All You Want, e não o forte colorido escolhido por Jean-Pierre Jeunet. Isso também prejudica seu filme, que não consegue ilustrar a graça e leveza necessária nessa primeira parte, a parte cômica do filme. E, a princípio, parece que a atriz Mayu Matsuoka (de Assunto de Família) não possui o carisma que esse estilizado longa demanda. Porém, o problema deve ser mesmo a fotografia e a trilha sonora. Afinal,Mayu impressiona no momento dramático, quando ela se choca com o fato de Ichi não saber o seu nome.

Segunda parte

Depois disso, a depressão cai sobre Yoshioka, que se sente uma invisível. Então, ela revela que todas as conversas que vimos, exceto com os colegas do trabalho, não existiram. Na verdade, ela apenas imaginava que falava com essas pessoas. E isso é revelado com uma criatividade explosiva, em formato de musical. Descobrimos, então, nessa maravilhosa sequência triste, que Mayu é uma atriz brilhante. Se a primeira parte de Tremble All You Want não funciona tão bem, é pelas escolhas da direção e não pela sua atuação.

E o filme, também, ganha uma outra dimensão nessa virada dramática, na metade de sua duração. Compreendemos, então, que a fixação pelo fóssil possui um simbolismo, pois a protagonista assume, como a concha, uma atitude de encolhimento que pode levar à sua morte. Nessa segunda parte, Tremble All You Want revela várias escolhas acertadas da diretora Akiko Ohku. Por exemplo, quando ela escurece a tela e ilumina apenas Yoshioka e Ni jogando tênis de mesa, enquanto fogos de artifício revelam a descoberta do amor. Adicionalmente, a trilha sonora, nesse trecho, contribui para o clima romântico. Depois, em outro momento, esse som do jogo de tênis de mesa entrará numa cena climática para selar o amor dos jovens.

Apesar de irregular, Tremble All You Want merece ser conferido. Afinal, a ousadia da diretora Akiko Ohku é bem-vinda. Apesar de algumas escolhas que não funcionam, ela construiu um momento maravilhoso de musical dramático, dentro de uma comédia romântica.


Tremble All You Want (filme)
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