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Los Conductos (filme)
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Los Conductos

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

O longa de estreia do diretor colombiano Camilo Restrepo, Los Conductos, traz um ar do não-conformismo que nasceu na nouvelle vague, mas se aproxima mais da espontaneidade ideológica do Cinema Novo brasileiro.

Por um lado, apresenta uma montagem quase artesanal que evidencia a preocupação do realizador em assegurar que comunica ao espectador as ações de cada cena. Assim, o raccord se aproxima do acadêmico, e planos-detalhes não deixam dúvidas do que acontece na tela.

A narrativa

No entanto, contraditoriamente, a narrativa foge do convencional. Como no Cinema Novo, a mensagem ideológica se sobrepõe à trama. O protagonista Pinky está presente no filme inteiro. Sua jornada errática em busca de um modo de vida alternativo reflete seu inconformismo. No início, segue um grupo pretensamente religioso, liderado por um homem que se chama Padre. Para mudar o mundo, e moldá-lo segundo suas pretensões, ele ordena seus fiéis a roubar e matar. Além disso, fabrica roupas piratas. Então, Pinky descobre um ato repugnante do Padre, não mencionado no filme, mas que os cinéfilos entenderão. Através da imagem de um balão de gás solto no teto, fica a pista de que ele era um pedófilo, tal como em M – O Vampiro de Dusseldorf (1931), de Fritz Lang.

Ainda na jornada de Pinky, ele se aventura na máfia do cobre, furtando fios dos postes – aliás, como acontece aqui no Brasil. Por fim, decide sair do crime, e propõe trocar de vida com Vingança, um homem que ele admira. A solução simbólica dessa transição é óbvia: no lugar das roupas pretas agora Pinky veste o branco de Vingança. Logo, a conclusão, alegórica, mostra o próprio Pinky fantasiado dele mesmo, com uma réplica jocosa de um novelo de cobre, no meio de uma fanfarra. É como se ele (ou o filme) bradasse que o criminoso é celebrado, impune, e pode se expor num desfile em rua pública.

A ideologia em primeiro plano

Mas, por ser espontâneo, Los Conductos quebra o academicismo das montagens. Para começar, não ouvimos nenhuma palavra nos dez primeiros minutos, quando surge a primeira narração em primeira pessoa do protagonista. O recurso da narração, nada cinematográfico pois sem imagens correspondentes, surge no meio do enredo, no trecho em que Pinky conta a história de um apresentador de programa humorístico de TV e seus dois filhos. Bem depois, o protagonista assumirá uma paródia desses personagens. Ademais, Camilo Restrepo insiste em recorrer a planos longos, deixando claro seu protesto contra a pressa do cinema contemporâneo.

Acima de tudo, a ideologia aqui é o rei. De surpresa, ela interrompe a narrativa num discurso do protagonista contra a sociedade dominada pela lei do cada um por si. O formato da tela (aspect ratio) 1.33 : 1, menos retangular que o hoje habitual widescreen contribui para datar propositalmente o filme. E se aproximar das suas inspirações, a nouvelle vague e o Cinema Novo.

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Ficha técnica:

Los Conductos | Los Conductos | 2020 | 70 min | França, Colômbia, Brasil | Direção e roteiro: Camilo Restrepo | Elenco: Luis Felipe Lozano, Fernando Úsaga Higuita.

Distribuição: Olhar.

Trailer:
Los Conductos (filme)
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