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Machuca (filme)
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Machuca

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Machuca conta a história de uma curta, porém marcante, amizade entre dois garotos de 12 anos. Eles se conhecem num colégio inglês em Santiago do Chile, em 1973. Na verdade, isso só se torna possível porque o diretor, Padre McEnroe, convida Pedro Machuca e outros meninos das favelas para frequentar as aulas dessa escola particular. Seu projeto de integração segue a ideologia do então presidente Salvador Allende.

Lá dentro, Pedro faz amizade com seu colega de classe Gonzalo Infante, seu aliado contra o bullying dos demais. Pertencentes a classes sociais distintas, Pedro e Gonzalo conhecem um pouco da realidade um do outro. Os contrastes enriquecem suas vivências, mas também provocam desentendimentos.

Enquanto isso, Gonzalo testemunha a gradual separação de seus pais. A mãe se aproveita da riqueza de seu amante maduro. Já o pai, engajado politicamente, se prepara para se exilar no exterior, prevendo o iminente golpe que derrubaria Allende.

O golpe

De fato, logo Gonzalo observa os jatos que bombardeiam a Casa da Moeda no ataque ao presidente. Em 11 de setembro de 1973, o golpe de estado provoca imediatas mudanças na vida dos dois meninos. O padre McEnroe é destituído de seu cargo no colégio e, com ele, cai o programa de integração que permitia Pedro estudar ali.

Assim, vemos as diferenças sociais se agravarem com a ditadura. Quando Gonzalo procura Pedro na favela onde vive, os militares revistam com violência os moradores, à procura de dissidentes. Então, para sair ileso, Gonzalo precisa se valer de sua condição econômica. Dias depois, Gonzalo descobre que todos os barracos desapareceram. Nesse tocante desfecho, o menino percebe que nunca mais reviverá esses felizes meses de sua infância ao lado de Pedro.

Ele desconhece o destino de seu amigo, mas a derrubada dos barracos simboliza o maquiado progresso do novo governo que assume às forças o poder. Em contraste, a mãe de Gonzalo reforça seu elo com o amante rico, e adquire mais bens materiais. Nesse microcosmo, ela simboliza os que se beneficiaram com o retorno ao capitalismo.

O filme Machuca se concentra, majoritariamente, na perspectiva de Gonzalo. Dessa forma, fortalece o aspecto emotivo desse momento de ruptura política. Ao invés de ter que se aprofundar no racional do processo, a percepção do protagonista criança é que constrói a narrativa.

Enfim, essa abordagem empolga e consegue reunir história e emoção. Machuca, de Andrés Wood, representa um ótimo exemplo, assim como o espanhol A Língua das Mariposas (1999), e o brasileiro O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (2006).


Machuca (filme)
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