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Mank (filme)
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Mank

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

O filme Mank, de David Fincher, lança luz sobre um esquecido talento hollywoodiano.

Herman Mankiewicz provocou seu próprio ostracismo na indústria cinematográfica por causa de suas bebedeiras. De fato, o alcoolismo o levava a comportamentos descontrolados, ousando insultar os figurões dos grandes estúdios.

A pá de cal na sua carreira, ironicamente, foi seu melhor trabalho: o roteiro de Cidadão Kane, estreia de Orson Welles até hoje considerado um dos melhores filmes da história. O problema, para Herman, é que ele colocou no papel a história do poderoso magnata da imprensa, William Randolph Hearst – de maneira disfarçada, mas facilmente reconhecível.

A trama

O filme revela o estado em que estava Herman quando escreveu esse roteiro, confinado à cama após um acidente automobilístico. Em paralelo, entram flashbacks de alguns anos anteriores durante a década de 1930, que mostram os motivos que o levaram a criar um roteiro tão ousado. E evidenciam seu antagonismo por Louis B. Mayer, poderoso mogul da MGM, sentimento que crescia conforme ele o conhecia melhor, e agravado quando ele descobre como Mayer e Hearst estavam ligados à política.

O conteúdo é denso, pois o roteiro mergulha nos detalhes dos fatos. E, as informações são levadas às telas com muita verborragia em diálogos rebuscados, talvez com intenção de espelhar a habilidade de Herman com as palavras. Consequentemente, muitos espectadores talvez sintam dificuldade em acompanhar a narrativa, ainda mais porque o filme é muito recortado, alternando cenas em diferentes tempos no presente e passado.

Como apoio para que o público não se perca nessa cronologia misturada, as cenas abrem com uma linha que localiza a situação, como se faz em um roteiro. Aliás, esse recurso se soma a outros que reproduzem o período retratado no filme. E não se trata apenas de reconstituição de época nos cenários e roupas, que, aliás, são impressionantes, mas também a fotografia em preto e branco que recebeu um tratamento na pós-produção que alcança o mesmo visual de película dos anos 1930, até mesmo as marcas para troca de rolo que auxiliavam a projeção.

Quanto à atuação, Gary Oldman se destaca no papel do personagem principal. Novamente, ele nos surpreende com uma interpretação transformadora. Antes, ele ganhou o Oscar por incorporar Winston Churchill em O Destino de uma Nação (2017), e agora encarna outra figura histórica de forma irrepreensível.

A direção

O diretor David Fincher homenageia seu pai Jack Fincher, falecido em 2003, que lhe entregou o roteiro de Mank enquanto estava vivo. Talvez por isso ele mante o estilo rebuscado dos diálogos, alinhado com a intenção de espelhar o próprio Herman. Mank se aproxima de seus filmes baseados na realidade, como A Rede Social (2010), igualmente detalhista. E, por outro lado, se afasta de seus títulos com maior liberdade criativa, exemplificados por Clube da Luta (1999) e O Curioso Caso de Benjamin Button (2008).

Mank é um trabalho consistente, mas que não é digerido facilmente.


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