Neste drama policial russo, a adolescente Masha cresce num ambiente criminoso. O filme de estreia da diretora e roteirista Anastasiya Palchikova questiona o quanto isso a influenciará em sua vida adulta.
Durante a maior parte de Masha, acompanhamos as memórias de uma cantora de jazz. Na adolescência, ela convive diariamente com o tio, que tem o apelido de “Padrinho” e é o chefe de uma quadrilha mafiosa. Assim, ela se diverte em meio ao perigo, atém mesmo brincando com um revólver. Sem ter a real noção do que tudo isso representa, Masha até se aproveita da fama do tio para bancar a valentona. Numa dessas ocasiões, dois de seus amigos da gangue ferem gravemente o rapaz que ela gostaria de namorar. O fato marca, para ela, um dos primeiros indícios da letalidade dessa turma.
Contudo, logo ela descobre a vilania das atividades criminais do tio. E, isso fica evidente quando uma enorme tragédia se abate sobre sua família.
Com Masha, a cineasta Anastasiya Palchikova se revela uma realizadora competente e, até genial. Pelo menos, isso se evidencia no uso criativo do flashforward que abre o filme. O recurso não serve apenas para introduzir o flashback, algo que já se tornou de praxe. Além dessa função, ele se interliga com a conclusão, que é surpreendente. A princípio, pensamos que Masha, já adulta e cantora de jazz profissional, recordará suas felizes lembranças do passado. De fato, é isso que vemos, até a parte final, quando, então, a história adquire um tom amargo.
Spoilers adiante
Aliás, a conclusão é mesmo desconcertante. Os sorrisos de Masha no palco não são causados por sua alegria. Pelo contrário, são uma reação da protagonista quando ela sofre um ataque de nervosismo, como o filme revela antes. Afinal, ela acaba de descobrir que seu tio causou a morte de seus pais, e ela responde a isso executando sua vingança.
Assim, com essa visão determinista, o filme Masha sublinha o quão danoso foi para essa personagem crescer em meio ao crime.
