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Meu Álbum de Amores (filme)
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Meu Álbum de Amores

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Meu Álbum de Amores é o último filme da Trilogia dos Corações Sentimentais do diretor Rafael Gomes. O primeiro, 45 Dias Sem Você (2018) marcou a estreia dele na direção de longas. E, de fato, possuía o frescor de um estreante cheio de ideias que resultaram em uma narrativa arrebatadoramente criativa. Seguiu-se Música Para Morrer de Amor (2019), construído em ordem não-linear. Todos os três filmes acontecem no cenário urbano paulistano e com personagens do mesmo meio de convívio. Além disso, parte do elenco e equipe se repete, bem como o tema dos relacionamentos amorosos. Nesse ponto, o terceiro filme se aproxima mais do primeiro, pois em ambos o protagonista passa por uma jornada de recomposição após uma frustração sentimental. E, no segundo, a perspectiva LGBTS aparece com mais força, mas em todos a proposta em relação a esse tema é de tratar com “naturalidade algo que é natural”, como disse o diretor em entrevista na época do lançamento do primeiro filme (leia aqui).

A música nunca esteve tão forte na trilogia como em Meu Álbum de Amores. As canções são composições de Odair José e Arnaldo Antunes, que se reuniram especialmente para esse projeto. O filme até se insere no gênero musical, pois as intervenções musicadas são recorrentes e inerentes à trama. Ou seja, as letras não só acompanham como fazem andar a narrativa. Além disso, esses trechos divertem, pois replicam videoclipes dos anos 1970, com todo aquele colorido e dançarinas que marcaram época.

A trama

Na história, Júlio (Gabriel Leone) inicia sua carreira de dentista, seguindo os passos do seu finado pai. Porém, o rapaz descobre que seu pai biológico foi Odilon Ricardo (interpretado pelo próprio Gabriel Leone, inclusive nas canções), um astro da música popular (ou brega, se preferirem) nos anos 1970. Ademais, ele tem um meio irmão, Felipe (Felipe Frazão), e ambos herdaram a casa do pai. Toda essa surpresa chega num momento complicado, pois Júlio vê sua namorada Alice (Carla Salle) o abandonar. Contrariando as expectativas, os mimado Júlio e o descolado Felipe começam a morar juntos na casa que era do pai. Assim, começa a jornada de Júlio por um novo mundo, muito diferente do que ele viveu até agora.

A transformação do protagonista, pode-se arriscar que é também o seu amadurecimento, passa por várias pessoas novas que ele conhece nesse caminho. Algumas são antigos casos de seu pai, que surgem na busca que os irmãos iniciam para descobrir quem foi o amor da vida dele, e assim entregar a essa pessoa as suas cinzas, tal como ele pede no testamento.  Essas mulheres, interpretadas por atrizes famosas (como Clarisse Abujamra) garantem momentos divertidos para o espectador, e pérolas de filosofia popular para o protagonista. Já as outras pessoas que Júlio encontra entram na fila de sexo casual que fica numerosa durante esse processo de mudança.  

A narrativa criativa

Meu Álbum de Amores se afasta da narrativa tradicional pelas intervenções musicais e, também, por trechos nos quais Júlio se imagina conversando com sua amada Alice. São pitadas de surrealismo que acrescentam o inesperado no filme. Aliás, já na primeira cena o diretor Rafael Gomes evidencia que não quer entediar seu público com uma direção burocrática. Nessa passagem, ele monta o diálogo da separação do casal entremeado com outros momentos da relação deles, sobrepondo falas, uma disruptura que prepara para as cenas de imaginação citadas acima.

Por fim, vale constatar que Meu Álbum de Amores é essencialmente um drama, mas com muito humor e muita música, que dão cor ao que poderia ser cinzento. A finalização da trilogia confirma o talento desse novo diretor, hábil nos diálogos por sua experiência no teatro, e criativo em sua visão narrativa cinematográfica. Vamos ficar de olho em Rafael Gomes!


Meu Álbum de Amores (filme)
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