Meu Filho (My Son, 2021) constrói um suspense investigativo sinistro sobre um menino de sete anos raptado de um acampamento nas Highlands da Escócia. Seu pai, Edmond (James McAvoy), esteve pouco presente em sua vida, pois sempre viajou constantemente ao exterior. Ele possui um cargo importante em uma empresa de óleo. Essa ausência, inclusive, levou ao fim do seu casamento com Joan (Claire Foy), que agora tem um novo parceiro, Frank (Tom Cullen).
O filme conduz as investigações em tom sombrio. Aproveita-se das paisagens frias e nevoentas, e da trilha sonora adequada, pois uma das hipóteses do desaparecimento pode ser o crime hediondo da pedofilia. Ou, talvez descambe para um esquema criminoso de maiores proporções, com envolvimento internacional, ligado às viagens de Edmond. Isso justificaria o motivo de afastarem o inspetor local desse caso, segundo ordens da maior autoridade policial baseada em Londres. Como resultado, Edmond precisa continuar a investigação sozinho.
A partir de certo momento do filme, o mistério dá lugar à adrenalina. Aliás, essa produção estadunidense é uma refilmagem do francês Meu Filho (Mon Garçon, 2017), do mesmo diretor Christian Carion. Porém, se aproxima de Busca Implacável (Taken, 2008), no qual Liam Neeson interpreta um pai que parte sozinho atrás dos sequestradores de sua filha. Aqui, Edmond não é um ex-agente da CIA, como o personagem de Neeson, mas conta com um gatilho emocional adicional. Afinal, ele quer compensar o fato de ter sido um pai negligente bancando agora o herói que salvará o filho.
Sai o suspense, entra a ação
Logo, Meu Filho se torna um filme de ação, deixando o suspense de lado. E, com isso, várias questões levantadas durante a história ficam sem resposta. Não sabemos por que escolheram o filho de Edmond como vítima, nem se havia alguma ligação com o trabalho do pai. Ademais, não se explica a justificativa para afastar o inspetor local. E, nem o motivo de o novo parceiro da ex-mulher projetar a nova casa deles sem um quarto para o menino. Enfim, os realizadores do filme esperam que o espectador se esqueça desses pontos e se concentre apenas no confronto de Edmond com os bandidos.
Nesse quesito, tudo se resolve com uma facilidade improvável. Afinal, a primeira pista (o carro do sequestrador), já coloca Edmond no caminho dos criminosos. Além disso, apesar de não ser um ex-agente da CIA ou algo do tipo, com um pedaço de cano, ele derrota três deles que estão armados com revólveres. Por fim, um bem-vindo erro leva um bandido a matar seu colega por engano.
Mas, se o espectador sai frustrado com as questões não resolvidas e com a salvação facilitada, assim também se sente o protagonista na conclusão. Pois, ao bancar o justiceiro, Edmond acaba preso e, de novo, ficará ausente da vida do filho. Ou seja, nem a tradicional jornada do herói tem lugar nesse sexto longa de Christian Carion, que desperdiça os bons atores James McAvoy e Claire Foy. Já o roteiro, coescrito por Carion e Laure Irrmann, parecia ser muito mais inteligente em sua parte inicial.
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Ficha técnica:
Meu Filho | My Son | 2021 | Reino Unido, França, Alemanha | 95 min | Direção: Christian Carion | Roteiro: Christian Carion, Laure Irrmann | Elenco: James McAvoy, Claire Foy, Tom Cullen, Gary Lewis, Michael Moreland, Robert Jack, Owen Whitelaw, Paul Rattray.