Mimi o Metalúrgico (filme)
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Mimi, o Metalúrgico

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

Mimi, o Metalúrgico marca o início da fase mais criativa da diretora italiana Lina Wertmüller, cujos melhores filmes foram lançados na década de 1970. O seu humor grosseiro e agressivo, mas às vezes ingênuo, guarda por trás uma crítica social e política.

Mimi começa o filme como um trabalhador braçal em uma mina de enxofre na Sicília, na cidade de Catânia. Ao invés de optar pelo candidato da máfia, como sempre faz sua família, ele vota no candidato do Partido Comunista. Consequentemente, ele perde seu emprego. Então, ele parte sozinho, sem a mulher, para Turim (Torino). Depois, fingindo ser um mafioso, ele consegue emprego como metalúrgico. Então, apoia o movimento dos trabalhadores e se apaixona por uma ativista comunista, com quem tem um filho.

Logo, retorna para Sicília, onde descobre que um militar engravidou sua esposa. Para se vingar, engravida também a mulher dele. Em paralelo, Mimi muda sua posição política, esforçando-se para ter uma carreira profissional de sucesso.

Jornada que não leva a lugar nenhum

No desfecho de Mimi, o Metalúrgico, vemos o protagonista de volta ao local e à situação em que estava antes do filme, na Sicília, com a mesma esposa e apoiando o candidato mafioso. Ou seja, toda a jornada que ele vivenciou durante esse hiato de tempo não serviu para nada. Com isso, a estória deixa uma sensação de desesperança. E que pode ser expandida para o povo italiano, que no século 20 nunca abraçou os ideais socialistas e que sempre sofreu o estigma da corrupção e da influência mafiosa.

Em Mimi, o Metalúrgico, essa temática séria chega às telas em forma de uma comédia nada sutil. Afinal, grande parte do humor se apoia nos trejeitos e expressões do ator Giancarlo Giannini, um dos preferidos de Lina Wertmüller. Delgado, com seu bigodinho, Giannini caberia nos filmes mudos, um Charles Chaplin italiano. Assim, um improvável conquistador, Mimi consegue levar para a cama as mulheres por sua insistência, e não pelo seu charme. De fato, o ator pontua a ingenuidade nessa comédia agressiva.

Instrumento para piadas grosseiras

Por outro lado, Giannini se presta como instrumento para piadas grosseiras. E a cena mais marcante é aquela em que ele seduz a mulher do militar que engravidou sua esposa, trecho que se aproxima da pornochanchada. Nesse sentido, Lina Wertmüller utiliza lentes que ampliam as dimensões da mulher gorda e não guarda restrições de evidenciar o choque que a enorme bunda pelada dela provoca em Mimi, ao usar o plano e contraplano na situação. Em todo o filme, a diretora emprega recursos de fácil assimilação para provocar o riso. Por exemplo, o uso constante do zoom da câmera para focar algum detalhe engraçado.

Na época, o filme fez enorme sucesso, pois agradava ao público em geral com um humor popular e, igualmente, o mais intelectualizado, com seu pano de fundo ideológico. Porém, hoje o filme envelheceu. A figura do herói sem-caráter Mimi, construída por Giancarlo Giannini, soa mais irritante que engraçado, porque ele não cria empatia com o público. Além disso, o uso da dublagem ao invés do som direto, prática comum no cinema italiano, cria um artificialismo que incomoda. Por fim, as piadas grosseiras, comuns no contexto dos anos 1970, principalmente aquelas sexistas, hoje provocam uma repulsa indesejada e não intencional.

 

Ficha técnica:

Mimi, o Metalúrgico (Mimì metallurgico ferito nell’onore, 1972) Itália. 121 min. Dir/Rot: Lina Wertmüller. Elenco: Giancarlo Giannini, Mariangela Melato, Turi Ferro, Agostina Belli, Luigi Diberti, Elena Fiori, Tuccio Musumeci, Ignazio Pappalardo.

Onde assistir:
Mimi o Metalúrgico (filme)
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