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Caravana de Bravos (filme)
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Caravana de Bravos

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Caravana de Bravos é um faroeste de John Ford sem grandes estrelas no elenco, ação em doses homeopáticas e com canções que parecem jingles. Ainda assim, um entretenimento de primeira linha.

Contrariando o óbvio, o filme Caravana de Bravos não começa com um plano aberto da paisagem desértica do oeste americano, e sim com uma tomada interior de um assalto acontecendo. O líder dos bandidos mata uma das vítimas e leva um tiro no braço. Com isso, John Ford descreve a vilania dessa turma e permite que o espectador reconheça com facilidade o chefão por causa do ferimento. Essa peculiaridade é vital porque a gangue só reaparecerá na estória depois de quase quarenta minutos de filme.

Piquenique no trabalho

Até o reaparecimento dos bandidos, o clima é de piquenique no trabalho que Travis (Ben Johnson) e Sandy (Harry Carey Jr.) aceitam. Eles escoltarão uma caravana de mórmons até a terra que eles receberam, ajudando o líder da caravana, Elder (Ward Bond). Os mórmons não possuem outra alternativa, pois sofrem preconceito na cidade onde estão e são expulsos. A travessia é longa e dura, e John Ford representa essa dificuldade com planos longos que mostram a caravana se deslocando durante um bom tempo.

E Sandy se ocupa tentando conquistar a bela mórmon Prudence (Kathleen O’Malley). Logo, Travis também terá quem paquerar, a prostituta ruiva Denver (Joanne Dru), que a caravana encontra perdida no deserto junto com dois companheiros, o médico charlatão Dr. Locksley (Alan Monbray) e Fleurette (Ruth Clifford), outra prostituta. Rola um baile country dessas duas turmas de vítimas dos preconceitos da sociedade, os mórmons e os outsiders, e John Ford faz questão de registrar a festa deles por um tempo alongado, até que os bandidos aparecem.

Perigo entre os próprios brancos

A princípio, os assaltantes fingem ser viajantes pacíficos e seguem a caravana. Mais tensão acontece com a abordagem dos índios navajos, mas tudo se pacifica quando os nativos descobrem que a caravana é composta por mórmons, que eles consideram amigos. Ford, em certo momento tardio de sua carreira seria acusado de uma visão preconceituosa contra os índios. Mas, nesse filme o diretor dá o recado de que o perigo não são os indígenas, o perigo está entre os próprios brancos, no caso, os bandidos disfarçados. Além disso, mais uma vez, ele apresenta um mosaico dos personagens que colonizaram o oeste dos EUA, construindo um retrato histórico de como diferentes povos se relacionaram nesse processo. Por fim, os personagens convidam a empatia do público e intervenções humorísticas, como a irmã Ledyard tocando o berreiro e o bandido bobão que lembra o seu similar em Rastros de Ódio (The Searchers, 1956).

O filme Caravana de Bravos é rodado em locações, com os tradicionais planos longos, mas também com inusitados planos fechados, que ajudam a dar ritmo a uma estória com poucas cenas de ação. Por um lado, Ford torna compreensível a dimensão geográfica das cenas, o que não é tarefa fácil em uma paisagem vasta como o deserto. Ao mesmo tempo, mantém a narrativa progredindo, o que torna o filme sempre interessante. Apesar de ser um filme menor, Ford conquista facilmente seu espectador.


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