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Mulheres do Século 20 (2016)
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Mulheres do Século 20

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Mulheres do Século 20 sopra um frescor de originalidade no gênero comédia dramática.

A história se passa em Santa Bárbara, CA, em 1979. Na casa da divorciada Dorothea (Annette Bening), vivem seu filho adolescente Jamie (Lucas Jade Zumann) e os inquilinos William (Billy Crudup) e Abbie (Greta Gerwig). Além desses residentes fixos, Julie (Elle Fanning) também está sempre presente, muitas vezes passando a noite apenas dormindo com seu melhor amigo Jamie. Conheceremos profundamente cada um deles e como eles se relacionarão.

O roteirista e diretor Mike Mills é o mesmo de Impulsividade (2005) e Toda Forma de Amor (2010). Aqui, ele conta essa história sobre personagens cativantes munido de diálogos inteligentes que não deixam de ser autênticos. A conversa de Jamie com sua mãe sobre estimulação do clitóris representa um bom exemplo dessas qualidades. Aliás, todos os protagonistas encantam, porque nenhum se sente confortável com si mesmo no presente.

Amadurecimento e descoberta

O garoto Jamie passa pelo processo de amadurecimento e descoberta. Assim, se encanta com a possibilidade de rebeldia, canalizada pela música punk rock, em oposição ao pop artístico de bandas como Talking Heads. Tenta, sem jeito, se iniciar no sexo com sua amiga Julie, mas essa só quer sua companhia, apesar de ser bem liberal com outros rapazes. Abbie quer insistir em sua carreira artística, na fotografia, mas enfrenta o câncer no colo do útero. William se envolve com ela e também com Dorothea, e com muitas outras mulheres, incapaz de amar de verdade. E, finalmente, Dorothea ainda luta para superar sua separação, enquanto se sente incapaz de criar seu filho Jamie.

Um recurso simples, mas que funciona magistralmente no filme, é colocar cada personagem narrando a história de um outro. Dessa forma, revela o quão ligados estão todos eles. Durante essas narrações, vemos colagens de flashbacks, fotos, noticiários etc., que, além de acelerar o ritmo do filme, provocam o espectador a buscar as conexões entre as imagens e as palavras.

Elenco

Os atores entregam uma atuação conjunta que permite que os personagens encantem o espectador. Annette Bening, como em Estrelas de Cinema Nunca Morrem, vive aos 60 anos uma fase madura, talvez a melhor de sua carreira, enfrentando com coragem e entrega papeis de mulheres com a sua idade real.  A talentosa atriz, roteirista e diretora Greta Gerwig transpira inteligência em todas as suas atuações. Desta vez, com cabelo ruivo tingido, se encaixa perfeitamente na persona de Abbie, capaz de entregar falas cultas sem soar artificial.

A jovem, mas já experiente, Elle Fanning tinha apenas 18 anos na época do filme e mais de 50 títulos em sua carreira prematura. E essa sua bagagem cai bem para intensificar a diferença de vivência de seu personagem com a do imaturo Jamie, interpretado por Lucas Jade Zumann, ainda em seu terceiro longa metragem na vida. Desafio mais fácil encontrou Billy Cudrup, repetindo o padrão de homem maduro descolado que já assumiu tantas vezes, como em Quase Famosos (2000).

A parte final de Mulheres do Século 20 reserva um recurso genial do roteiro, numa brincadeira com a tradicional opção de contar o que aconteceu com os personagens no futuro. Aqui, o filme coloca isso na tela deixando em suspenso que podem ser apenas o que cada um desejava e não que realmente aconteceria.

Criativo, profundo e original, Mulheres do Século 20 merece mais atenção do que a indicação que recebeu para Oscar de melhor roteiro original.

 

Mulheres do Século 20 (2016)
Mulheres do Século 20 (2016)
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