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Nada é por Acaso (filme)
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Nada é por Acaso

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

Baseado no best-seller homônimo de Zibia Gasparetto, Nada é por Acaso entra no subgênero dos filmes espíritas. E entra com força, numa produção caprichada que se equipara a Chico Xavier (2010), Nosso Lar (2010), e Predestinado (2022).

Até certo ponto, a trama consegue envolver o público alheio a essa fé. Começa com um mistério, numa cena com uma mulher que recebe 5 milhões de reais e um carro chique. Ela é Marina (Giovanna Lancellotti), uma advogada em início de carreira que, assim, consegue abrir seu escritório próprio e ainda levar sua família do interior do Paraná para a capital Curitiba. O motivo desse enriquecimento relâmpago só descobriremos na parte final. Mas é um fato que a abala, e pode estragar seu novo relacionamento com o terapeuta Rafael (Rafael Cardoso).

Com o título do filme indica, há uma outra trama paralela, que depois se cruza com a vida de Marina. Nela, temos Maria Eugênia (Mika Guluzian), uma rica herdeira que sofre chantagem de um francês com quem traiu o seu marido numa noite em Paris. Se a história se restringisse aos eventos atuais, Nada é por Acaso poderia ser um drama policial típico. Porém, o enredo inclui sonhos e visões dos protagonistas que remetem ao Brasil Colonial.

É aí que entra, de fato, o espiritismo de Gasparetto, pois esses personagens se conheceram em vidas pregressas, e a reencarnação vem hoje cobrar o preço das decisões do passado, ou resolvê-las definitivamente. Essa questão, independente da fé de cada um, é bem resolvida na narrativa, que deixa para o último instante sua revelação que faz todo o sentido até para o espectador que não é espírita mas que consegue entrar na trama, como entraria em um filme de qualquer gênero fantástico.

Doutrinação

Mas, evidentemente, essa produção mira mesmo o público que acredita ou quer acreditar no espiritismo. Por isso, são várias as oportunidades que o filme aproveita para entregar sua mensagem. Vai desde o Centro de Estudos Espíritas, que livra o irmão de Marina e o filho de Maria Eugênia de um súbito mal desconhecido, e passa pelas falas do terapeuta Rafael. No entanto, é da personagem Norma (Laura Proença) que vem a doutrinação, principalmente na cena final, quando ela explica, com redundância, o que acontece naquele reencontro no outro mundo.

O roteiro apresenta algumas soluções fracas. A abordagem de Rafael para flertar com Marina soa grosseira, forçando a barra em cima de uma desconhecida em uma livraria. Ademais, não se explica por que Marina leva o irmão mais novo para o Centro de Estudos Espíritas e a mãe do menino nem os acompanha. Além disso, alguns diálogos parecem desprezar a capacidade do público de deduzir os acontecimentos da trama. Por exemplo, quando o paciente de Rafael menciona um Audi vermelho, alguns espectadores na sala da cabine de imprensa soltaram gargalhadas, por ser tão óbvia e desnecessária essa fala. Contudo, a maior fraqueza do roteiro é o segredo de Marina, bem menos contundente do que a expectativa que foi criada em cima dele.

Direção e elenco

O diretor Marcio Trigo, um profissional da televisão que agora estreia em longa para o cinema, usa clichês de forma adequada, ou não, dependendo da cena. Os espelhos revelam com sutileza o duplo das protagonistas Marina e Maria Eugênia, em seus respectivos momentos. Porém, o visual do mundo dos espíritos não resiste ao clichê do cenário campestre todo florido, como já vimos antes em Amor Além da Vida (What Dreams May Come, 1998) e em outros filmes.

Por outro lado, o filme ganha pontos nas atuações das atrizes principais. Giovanna Lancellotti cresceu como atriz, e consegue aqui entregar difíceis cenas de introspecção de sua personagem. Já Mika Guluzian, atriz paulistana que construiu sua carreira no México, atua em outra chave, fazendo as cenas com grandes explosões emocionais. Ambas realizam um trabalho que merece elogios, num filme com alguns defeitos, mas que atingirá, com certeza, o coração dos espectadores de fé espírita.

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Ficha técnica:

Nada é por Acaso | 2022 | Brasil | 106 min | Direção: Marcio Trigo | Roteiro: Audemir Leuzinger, Claudio Torres Gonzaga | Elenco: Giovanna Lancellotti, Rafael Cardoso, Mika Guluzian, Tiago Luz, Werner Schünemann, Raquel Rizzo, Fernando Alves Pinto, Laura Proença, Cleo Queiroz, Anastácia Custódio, Danielle Martini, Camille Bonnenfant, Guilherme Garcia.

Distribuição: Imagem Filmes.

Onde assistir:
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