Pesquisar
Close this search box.
Never Rarely Sometimes Always
[seo_header]
[seo_footer]

Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre explora em detalhes o doloroso processo de interrupção da gravidez indesejada de uma jovem de 17 anos.

Autumn descobre que está grávida e, como não se sente confortável em casa, conta com a sua prima Skylar, que trabalha com ela num supermercado, para a acompanhar no aborto. No estado americano em que vivem, a Pensilvânia, o aborto em menores de 18 anos é legal, mas precisa do consentimento de um dos pais. As duas viajam, então, para Nova York, onde o procedimento pode ser realizado sem que ninguém mais fique sabendo. Ao encarar sozinha as etapas da cirurgia, Autum confrontará a si mesmo.

Amadurecimento

O filme, o terceiro longa-metragem em que a diretora Eliza Hittman aborda o tema do amadurecimento na adolescência, não recorre a recursos como a narração, flashbacks, ou uma série de situações atuais que possam apresentar com profundidade a protagonista. Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre apenas revela que ela sofre provocações de um colega da escola e que em casa o padrasto a critica o tempo todo. Isso explica a sua atitude de esconder a gravidez de todos, mas não a sua imediata decisão de abortar.

A impressão que o espectador tem de Autumn é que ela é uma garota difícil e insensível em relação à gravidez. Mas isso muda completamente quando ela precisa responder às perguntas da médica no hospital em Nova York. Nessa cena, a jovem responde a perguntas íntimas escolhendo uma das alternativas de múltipla escolha: nunca, raramente, às vezes e sempre – que emprestam o título ao filme. As questões envolvem os relacionamentos da paciente, como se já foi obrigada a fazer sexo mesmo quando não queria, se já foi agredida etc.

Clímax dramático

O trecho representa o clímax dramático da estória, e a câmera permanece fixa em close em Autumn. Dura apenas cinco minutos, mas que parecem intermináveis, como a personagem deve tê-los sentido. Numa impressionante atuação da atriz estreante Sidney Flanigan, vemos a garota desabar. Enfim, conhecemos de fato quem é a protagonista, e o filme ganha uma dimensão maior, justificando a atitude da adolescente, tanto em sua reclusão como na decisão sobre o aborto. Sem entrar em detalhes, o filme revela o que é essencial: que ela é vítima de abuso sexual.

Ganha sentido, nesse trecho, as letras da canção que ela canta logo na primeira sequência de Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre, que indicam que ela está num relacionamento abusivo. Após encarar o questionário no hospital, Autumn amadurecerá a ponto de confidenciar suas angústias para a mãe, durante uma conversa pelo celular que se inicia no banheiro da rodoviária, mas que não é mostrada no filme. Fica a suspeita de que o próprio padrasto pode ser seu molestador.

Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre é brilhante nessa condução de sua estória, ao reservar informações cruciais sobre a personagem. Dessa forma, se aproxima da própria personalidade da protagonista, que gradativamente vai aprendendo a não guardar para si suas angústias.


Ficha técnica:

Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre (Never Rarely Sometimes Always, 2020) Reino Unido/EUA. 101 min. Dir/Rot: Eliza Hittman. Elenco: Sidney Flanigan, Talia Ryder, Théodore Pellerin, Sharon Van Etten, Ryan Eggold, Mia Dillon, Lizbeth MacKay, Carolina Espiro, Salem Murphy.

Assista ao trailer:

Onde assistir:
Never Rarely Sometimes Always
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo